Escrito por: Redação CNTE
Segundo dia do Seminário Internacional da Educação reúne lideranças para discutir a desvalorização do setor, cortes de financiamento e os desafios impostos por governos de direita em vários países
Sentimentos, percepções e ações necessárias para a valorização da educação, de trabalhadores e do financiamento do ensino público. O segundo dia do Seminário Internacional da Educação, realizado em Fortaleza, Ceará, começou com relatos de representantes de sindicatos e movimentos de vários países pelo mundo, América Latina e países de língua portuguesa.
Em três blocos, os panelistas falaram da experiência em diferentes países, cada um com sua realidade, e todos com a visão de que “sem educação ninguém pode pensar um país” como afirmou Eduardo Mendonça, de Guine Bissau.
Preocupações comuns com o impacto negativo das políticas de direita nos sistemas educacionais, apontando para o risco de redução de financiamento e questionando as prioridades governamentais em diferentes países permearam as falas.
Roberto Baradel, da Argentina, descreveu um cenário difícil para a educação pública no país. “Para todos os trabalhadores e trabalhadoras, estamos em um contexto muito complicado, e não se trata apenas da direita, mas do avanço de políticas direitistas” disse.
Em Angola, os governos, mesmo após sucessões de presidências, "nunca dedicaram uma atenção particular ao setor da educação", reforçou Admar Jingoma. Ele ressaltou que o financiamento destinado à educação no país tem sido muito baixo, e a falta de investimento gera problemas graves de acesso ao sistema educacional, dificultando o atendimento da crescente demanda da população jovem.
Na Costa Rica, o atual "governo de direita" segundo Yorgina Alvarado, "conseguiu posicionar a ideia de que a educação é um gasto" e implementou "recortes substanciais" nos investimentos em educação e saúde. Ela afirma que esses pilares são essenciais para a "paz e justiça social" no país, e critica o congelamento salarial no setor público desde 2018.
Na Alemanha, Maike Finnern lembrou que o partido de extrema-direita, AfD (Alternativa para a Alemanha), agora é o segundo mais popular, representado em todos os parlamentos estaduais e no parlamento nacional. Na sua avliação, “a AfD pode anular qualquer atividade educacional que contrarie suas visões ideológicas” com tentativas de intimidar professores que atuam contra a discriminação e análogos antidemocráticos e intolerantes. “Vamos continuar nossa luta conjunta para fortalecer a educação pública e a democracia.", afirmou
Aqui no Brasil, o impacto de governos de diferentes espectros foi muito prejudicial para a educação e “piorou com a extrema-direita e foi recuperado pelo governo democrático e popular em Lula a partir de 2023!”, como destacou Heleno Araújo, presidente da CNTE. Embora, segundo ele os investimentos em educação ainda sejam insuficientes, já que "mais da metade dos recursos é destinada ao pagamento de juros e amortizações da dívida". Para ele, isso resulta em uma desigualdade profunda no país.