Escrito por: Editorial CNTE
Leia o editorial da CNTE desta sexta-feira, 26/07/24
A Internacional da Educação (IE) reúne mais de 32 milhões de professores e funcionários da educação, em 383 sindicatos de 178 países e territórios. É a principal entidade de classe dos profissionais da educação, presente em todos os continentes, estando atrás apenas da ONU e da OIT em termos de representação na base.
Em seu 10º Congresso Mundial, a IE debaterá a organização sindical e a valorização dos profissionais da educação, a defesa da democracia, a privatização da educação pública e a crise climática. Essas e outras pautas têm subsidiado a intervenção da IE no debate do G-20, que, em outubro próximo, realizará em Fortaleza (Brasil) a reunião de Ministros da Educação dos países da Cúpula para debater os desafios da educação no cenário mundial. Em novembro será a vez dos Chefes de Estado do G-20 se reunirem no Rio de Janeiro para celebrarem acordos em diferentes áreas, inclusive na educação.
A IE está sintonizada com os desafios de uma nova GOVERNANÇA GLOBAL, tendo a educação como eixo para o desenvolvimento inclusivo e sustentável. Por isso, orienta seus sindicatos a promoverem a luta em defesa da educação pública sob algumas premissas urgentes.
A privatização do ensino e a ausência de políticas de valorização profissional, por exemplo, têm corroborado com o déficit de professores jamais visto na história. Segundo a UNESCO, são mais de 44 milhões de postos de trabalho não ocupados por professores em todo o mundo. No Brasil, o número ultrapassa 200 mil vagas no nível básico. Isso porque a juventude não deseja mais lecionar em razão dos baixos salários e das condições precárias de trabalho em muitas escolas. E esse cenário precisa ser superado!
Sobre a representação política, o ultraliberalismo avançou a passos largos mundo afora, especialmente através da extrema direita, numa catastrófica simbiose para as relações humanas e a vida no planeta. E cada trabalhador e trabalhadora em educação – embora também sejam vítimas de pautas reacionárias e de contenções fiscais que precisam ser superadas para melhor dividirmos a riqueza no mundo –, devem ser uma protagonista e um semeador de esperança para a superação das crises social, política, econômica e ambiental que vivemos atualmente.
Além de acompanhar as inovações tecnológicas e os desafios da Inteligência Artificial, que ameaçam empregos e impõem desafios às estruturas sociais e às mudanças climáticas, a educação cidadã (e seus profissionais!) tem um novo e urgente desafio, que é conter o avanço da extrema direita no mundo e investir na democracia participativa e solidária.
Neste sentido, nós, trabalhadores/as em educação, não podemos nos furtar desses enfretamentos, mesmo com os ataques de gestores antidemocráticos que estimulam projetos de “Escola sem Partido”, de “Educação Domiciliar” (homeschooling) ou de “Militarização Escolar”, além da privatização do ensino público, como forma de nos silenciar e de sobrepor os interesses das classes dominantes aos da formação emancipadora, crítica e cidadã.
Além de espaço de resistência, o 10º Congresso da IE será fundamental para organizar a luta dos/as trabalhadores/as em educação, e certamente alimentará projetos e esperanças para atuarmos, no Brasil, na disputa do novo Plano Nacional de Educação 2024-2034. Este já tramita na Câmara dos Deputados na forma do PL nº 2.614/2024, e precisamos aprimorá-lo à luz das deliberações da 4ª Conferência Nacional de Educação (Conae).
Portanto, trabalhadores/as em educação do Brasil e de todo o mundo, uni-vos!