Escrito por: CNTE

Ataques a professor de artes da rede municipal de ensino de Criciúma/SC escancara homofobia e fere seu direito de liberdade de...

O professor, que mantém vínculo temporário, pediu sua exoneração e pretende sair da cidade em função dos ataques violentos que vem sofrendo.

Uma atividade de aula indicada por um professor de artes de uma escola municipal de Criciúma/SC foi suficiente para, mais uma vez, o Brasil se deparar com cenas grotescas de perseguição a um profissional de educação, fomentando contra ele o crime de homofobia, atacando a sua liberdade de ensino, garantida pela Constituição brasileira de 1988, e o expondo de forma perversa nas redes sociais. O professor, que mantém vínculo temporário com a rede municipal de ensino da cidade, já pediu sua exoneração e pretende, agora, sair da cidade em função dos ataques violentos que vem sofrendo.

Tudo começou a partir de uma denúncia feita por um pai de estudante que encaminhou sua queixa à candidata derrotada nas últimas eleições da cidade, Julia Zanatta (PL). A partir de um vídeo produzido e repercutido nas redes sociais da candidata derrotada, o prefeito de Criciúma Clésio Salvaro (PSDB) sucumbiu às pressões da candidata que derrotou no pleito e ainda teve que escutar, de forma debochada, que o movimento LGBT da cidade, que supostamente o tinha apoiado, teve que escutar da boca do prefeito que não tolerará “viadagem”. E foi exatamente isso que o prefeito Clésio Salvaro, sem pudor e nem constrangimento algum, falou em suas redes sociais.

A sociedade brasileira já se acostumou com o baixíssimo nível intelectual de muitos dos políticos e gestores brasileiros. As palavras usadas por esse tipo de gente que chegou ao poder no Brasil depõem contra eles mesmos. O que não admitimos e tampouco toleramos, senhor prefeito, é a sua homofobia contra um profissional da educação que, em seu livre direito de ensinar e autônomo exercício profissional, decidiu discutir com sua turma um clipe do cantor Criolo, já exibido e premiado em todo o mundo. Ao senhor e à sua adversária política faltaram um professor como esse que agora, demitido da rede de ensino, sofre uma perseguição atroz por simplesmente exercer a sua profissão dignamente.

Os/as educadores/as de todo o país repudiam o ocorrido na cidade de Criciúma e, de forma veemente, anunciam que, apesar das diferenças propaladas na última campanha eleitoral entre os dois então candidatos, que nunca passaram de um verniz encardido e velho, ambos responderão judicialmente e politicamente pelo ocorrido. Homofobia é crime! A liberdade de ensinar e aprender é garantia expressa em nossa lei maior. Não passarão!

Brasília, 27 de agosto de 2021

Direção Executiva da CNTE