Escrito por: CNTE
Transformar a educação é valorizar seus profissionais
Uma educação pública de qualidade para todos/as, escola inclusiva e democrática e a valorização da categoria são os principais desejos dos/as profissionais da educação de todo país que sonham com um país melhor e mais justo ao celebrarem este dia 15 de outubro, Dia do/a Professor/a.
“Ser professor já é desejar um futuro melhor para a sociedade. É pensar que, com sua vocação você poderá auxiliar na formação de diversos seres humanos. É pensar com responsabilidade e olhar com esperança para as futuras gerações. Desejo assim, para a educação pública brasileira, a qualidade e equidade necessárias para alcançar esse desejo. Mais recursos, tecnologias, formações e investimento dando a oportunidade da criança mudar sua vida, sua realidade, com amor. Afinal, tudo que fazemos com amor, colhemos bons frutos”, afirmou a professora de educação infantil em Curitiba, Carla Mazetto.
Este ato de amor demonstrado por Carla é que move a categoria para transformar a sociedade e inúmeros estudos e pesquisas mostram isso. A aprendizagem e a educação pública no Brasil só não foram piores durante a pandemia porque o país teve profissionais que dedicaram suas vidas para que ninguém ficasse sem aula. O fato é que mesmo com o esforço da categoria não foi possível evitar que muitas crianças se afastassem das escolas e a qualidade da educação caísse tanto.
Um estudo inédito, realizado pelo Ipec para o Unicef, revela que mais de uma em cada dez meninas e meninos de 11 a 19 anos (11%) não estão frequentando a escola no país. A porcentagem é equivalente a cerca de 2 milhões de crianças e adolescentes da rede pública de ensino nesta faixa etária. Além disso, segundo o estudo Desigualdades e Impactos da Covid-19 na Atenção à Primeira Infância, as taxas brutas de matrículas na educação infantil caíram entre 2019 e 2021, tanto na creche quanto na pré-escola.
“Eu desejo que a educação pública brasileira de fato seja um direito de cada cidadão e cidadã, porque educação é direito humano e social para todos, todas e todes. É o direito dessas pessoas ter acesso e permanência nas escolas garantidos e nós trabalhadores e trabalhadoras da educação básica pública do Brasil contribuímos na garantia desse direito”, disse o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno Araújo.
Ele também reforçou a importância dos sindicatos em cada canto do país para a conquista do direito à educação e, para a categoria, a valorização dos profissionais.
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Papel dos/as professores/as na sociedade
O/a professor/a tem papel fundamental na vida de todas as pessoas. É ele ou ela que forma todos/as os/as profissionais. Segundo o educador pernambucano, Paulo Freire (1921-1997), o papel do professor é estabelecer relações dialógicas de ensino e aprendizagem, em que o educador ao passo que ensina, também aprende.
A Secretária de Assuntos Educacionais da CNTE, Guelda Cristina de Oliveira Andrade, que é funcionária de escola e professora de formação, conta que o/a professor/a tem espaço privilegiado dentro da sala de aula para promover a descoberta da leitura e da escrita nas crianças, no processo de alfabetização e de pesquisa e todo seu conhecimento.
“Com esse movimento político pedagógico que a gente consegue formar e construir sujeitos independentes e preparados para atuar aqui fora na sociedade, compreender o nosso papel de cidadão e cidadã e mostrar o quão importante é o papel dos profissionais da educação no ato de construir conhecimento junto com os estudantes”, ressaltou.
Para o Secretário de Aposentados e Assuntos Previdenciários, Sergio Antonio Kumpfer, os/as educadores/as podem ter uma grande influência na construção da educação pública de qualidade social e já fazem isso em várias frentes: na comunidade escolar, criando consciência sobre o valor da educação para todos/as e participando das entidades sindicais, onde se constrói solidariamente a luta pela valorização profissional e por um projeto de educação pública de qualidade.
“Portanto, a contribuição dos professores vai sempre depender de uma visão política. Vai sempre exigir um posicionamento diante da escola e do contexto em que estamos inseridos. Muito mais agora, em que estamos diante de um projeto que elegeu a educação como inimiga. É preciso continuar acreditando que uma educação de qualidade é possível para que a gente possa continuar na luta em defesa de um mundo melhor”, afirmou.
Autonomia das pessoas e valorização da categoria
O Secretário de Relações Internacionais da CNTE, Roberto Leão, lembrando Paulo Freire, diz que o que ele deseja pra educação pública brasileira é que ela seja solidária, inclusiva, sem nenhum tipo de preconceito e discriminação e que ela possibilite a libertação das pessoas de ter sua dignidade, sua cidadania e para que possam tomar decisões por si, fazer uma leitura do mundo que permita a elas caminhar por onde considerarem importante.
“O que a gente deseja é que cada um e cada uma busque a felicidade e a construção de um mundo justo, com igualdade e justiça social. Nós, professores/as e trabalhadores/as da educação há décadas lutamos por essa qualidade na educação que tanto sonhamos”, destaca.
Desvalorização
Os professores no Brasil têm enfrentado ao longo dos anos uma desvalorização enorme em sua profissão. Nos últimos anos, os diversos profissionais da educação ficaram ainda mais distantes de salários justos e boas condições de trabalho. A enorme discrepância apresenta uma realidade triste e que é confirmada por dados do relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que mostram que a média do salário inicial dos professores dos anos finais do ensino fundamental no Brasil é a menor entre 40 países analisados pela pesquisa. O mais triste ainda é que há perspectivas que o país poderá ficar sem professores num futuro bem próximo.
“Para nós, a qualidade da educação é um tripé formado por um financiamento público que atenda as necessidades da educação, por uma gestão democrática, que possibilite o debate por exemplo do projeto político pedagógico da escola, e a valorização do profissional, com bons salários e plano de carreiras para que os profissionais possam ter uma perspectiva de futuro”, ressalta o dirigente.
Educação pública de qualidade
Na avaliação de Sergio Kumpfer, defender a educação pública é defender a educação integral, com um bom projeto pedagógico de base nacional enriquecido pelas diversidades regionais, com investimentos suficientes para que os estudantes tenham um ambiente favorável de aprendizagem e de convivência com escolas equipadas com estruturas físicas e tecnológicas. “Escola pública deve significar excelência educacional e por essa razão existe a clara exigência de educadores com planos de carreira e boa remuneração e uma educação libertadora, na qual estudantes tenham um ambiente adequado para levantar a cabeça e descobrir largos horizontes. Espaço de sonhos para uma vida pessoal e social melhor”, descreve.
Para a Secretária de Combate ao Racismo da CNTE, Iêda Leal de Souza, o desejo é ver todo mundo lendo um livro, com suas opiniões certas sobre como construir um mundo melhor e ter a educação como parte fundamental do processo de desenvolvimento de cada um. “Os educadores nesse momento tem papel fundamental de salvar a educação das mãos dos tiranos e responsáveis que estão destruindo tudo aquilo que a gente construiu, que foi lutar para que os investimentos de educação fossem uma realidade e que cada brasileiro e brasileira pudesse ter a oportunidade de frequentar uma boa escola”, sintetiza.
Já segundo a Secretária de Formação da CNTE, Marta Vanelli, o desejo é de ter uma escola com currículo democrático, em período integral, equipada de biblioteca, laboratórios, com internet gratuita, com excelente estrutura física para os estudantes e para os professores. “É fundamental Intensificar a luta junto ao gestor da educação, seja ele federal, estadual ou municipal, para que as condições da escola que desejamos sejam garantidas. Não podemos desanimar jamais porque nosso desejo precisa se transformar no nosso sonho e é a busca desse sonho que nos mantém animados para lutar”, finaliza.