Escrito por: CNTE
A luta continua no Congresso Nacional!
Em cerimonia no Palácio do Planalto, ontem (24), o Presidente Lula assinou a mensagem ao Congresso Nacional para envio do projeto de lei que visa revogar e alterar pontos da Lei nº 13.415/2017, que aprovou a reforma denominada de “Novo Ensino Médio - NEM”.
Passados mais de seis anos de vigência da reforma, verifica-se um legado de retrocessos na maior parte das redes de ensino que ofertam o ensino médio. O percentual de estudantes de 15 a 17 anos matriculados nesta etapa específica da educação básica encontra-se abaixo de 85%, que é a referência da meta 3 do Plano Nacional de Educação. Em nível nacional, a taxa de matrícula passou de 66,7% para 74,5% entre 2015 e 2021. Mas o que mais chama a atenção são as desigualdades: na faixa da população dos 25% mais pobres, a taxa líquida de acesso à escola ficou em 61,1%, entre os jovens do campo foi de 64,9%, na região Norte, 68,2%, e entre os negros, 70,9%. Apenas a população branca conseguiu se aproximar mais da meta do PNE, alcançando 80,3% de matrículas.
Outra anomalia corroborada pelo NEM, sem adentrar na questão da qualidade e dos absurdos dos itinerários formativos, refere-se ao fato de que o crescimento das matrículas em tempo integral no ensino médio (passando de 5,8% para 16,7% entre 2014 e 2015, mediante a ajuda seletiva da União), resultou numa queda vertiginosa de 12,1% na taxa de oferta em tempo integral nos anos finais do ensino fundamental. Em 2015, essa taxa de matrículas era de 22,7% e em 2021 reduziu para 10,6%!
Ao mesmo tempo em que o país precisa investir na qualidade curricular no ensino médio – e a reforma de 2017 prejudicou em muito essa perspectiva, sobretudo com as limitações da BNCC e dos itinerários formativos –, não se pode abandonar as demais etapas e modalidades da educação básica, que se encontram abaixo das metas de atendimento definidas pelo PNE para 2024. Por outro lado, a queda em mais de 16% no acesso de estudantes negros pelo sistema de cotas nas universidades, detectada pelo último Censo da Educação Superior, também se associa aos desafios da equidade escolar e da revogação do atual modelo de NEM, responsável por um verdadeiro apartheid socioeducacional que a CNTE e outras entidades educacionais denunciaram desde a edição da Medida Provisória nº 746/2016, a qual deu origem à Lei nº 13.415/2017.
https://www.cnte.org.br/images/stories/cadernos_educacao/cadernos_educacao_30.pdf
Sobre o projeto de lei do Executivo, que será debatido no Congresso Nacional, a CNTE reconhece avanços oriundos da consulta pública convocada pelo MEC para avaliar a reestruturação da política nacional de ensino médio. Porém, há pontos que ainda precisam ser melhorados. Confira, abaixo, as princpais observações da CNTE em relação à minuta de projeto de lei disponibilizada após a cerimônia com o Presidente da República:
Assim que o projeto do Executivo for protocolado na Câmara dos Deputados, a CNTE disponibilizará um quadro comparativo contendo a análise integral da proposta de reformulação da reforma do ensino médio.