Escrito por: CNTE

Moção de repúdio à censura e ao obscurantismo impostos aos currículos da educação pública brasileira

Presidente Bolsonaro envergonha a todos/as nós dentro e fora do país desde o início de seu governo

banner site mocao repudio2019

O atual momento vivido no país ganha ares de um obscurantismo político e moral que dá permissão aos maiores absurdos vindos dos nossos representantes políticos. De um lado, temos um Presidente da República carcomido por suas próprias palavras, sempre indigentes, agressivas e desrespeitosas com todos que o interpelem. Do alto do orgulho de sua própria ignorância, o Presidente Bolsonaro envergonha a todos/as nós dentro e fora do país e, desde o início de seu governo, pouco mais de 8 meses transcorridos de seu mandato, sempre deixou claro a sua luta incessante e obsessiva contra a educação de seu país: ataca sem pudores, sempre que pode, o sistema público, as universidades, as escolas, a ciência, os/as educadores/as, os/as cientistas e os/as estudantes.

No último dia 03 de setembro, mais uma vez, suas palavras grosseiras se voltaram contra a educação brasileira: notícia veiculada nos grandes meios de comunicação do país dá conta de que ele ordenou ao Ministério da Educação a elaboração de um projeto de lei contra a “ideologia de gênero” no ensino fundamental. Trata-se, mais uma vez, de nova tentativa de empurrar à sociedade brasileira o pacote de medidas defendidas pelo “Movimento Escola sem Partido”, que qualificamos como movimento da “Lei da Mordaça”, que dissemina por todo o país a apresentação de proposições legislativas nas Assembleias estaduais e Câmaras municipais, e também no Congresso Nacional, para impor a censura nas escolas brasileiras. O que eles pretendem é definir o que pode e o que não pode ser dito pelo/a professor/a dentro de sala de aula, atacando a sua autoridade e desrespeitando a sua formação acadêmica que o qualifica para lecionar de forma livre.

O governador de São Paulo João Dória, aquele que apoiou nas últimas eleições de forma veemente o então candidato Bolsonaro e que hoje quer a todo custo manter distância de um presidente atolado nos seus péssimos índices de aprovação, se manifestou da mesma forma e na mesma direção do presidente que ajudou a eleger: ordenou pelo Twitter o recolhimento de um material didático da rede de ensino estadual que, segundo ele, estaria fazendo apologia à “ideologia de gênero”. Jair Bolsonaro e João Dória são iguais e representam o mesmo projeto e agenda de atraso e retrocessos ao país. Esse movimento que está nos levando ao obscurantismo, que insiste em travar uma verdadeira guerra contra o conhecimento científico e contra a própria educação, não se restringe a esses dois representantes políticos brasileiros: em Fortaleza também foi constatado que vídeos de autoria de um deputado estadual e de uma candidata derrotada à Câmara Federal, ambos do PSL (o partido do Presidente), estão a insinuar que materiais didáticos da rede municipal da capital cearense estariam incentivando a pedofilia (!!!). Essas pessoas não têm o limite do ridículo e querem, de toda forma, impor censura na educação brasileira e nos levar aos tempos da Idade Média, disseminando de forma deliberada mentiras e mais mentiras!

Os/as educadores/as de todo o país estão atentos a esse movimento concatenado dos setores mais reacionários de nossa sociedade. Não permitiremos retrocessos! Não toleraremos o obscurantismo que querem nos impor! Não admitiremos o desrespeito à nossa profissão e à nossa autonomia no processo de ensino! Sabemos que eles usam técnicas que, igual ao que foi verificado nos tempos recentes das últimas eleições, lançam mão de mentiras para propagar suas ideias e enganar a sociedade. Estamos sempre dispostos e prontos para travar o debate necessário contra esses ataques à educação e ao conhecimento de nosso povo!

Brasília, 05 de setembro de 2019

Direção Executiva da CNTE