Escrito por: CNTE
A demissão sumária do professor trouxe à tona a interferência de ideologias políticas, aplicando a moral diante da prática pedagógica
Mais de 50 professores, estudantes e profissionais da educação da rede pública estadual e municipal do município de Jauru (420 km de Cuiabá) participaram da sessão ordinária da Câmara de vereadores na última segunda-feira (13/11) para protestar pela liberdade de cátedra e respeito profissional. O ato, motivado pela demissão sumária de um professor da Escola Estadual João Evaristo Curvo - Dejec, ao apresentar o filme "A Guerra do Fogo", trouxe à tona a interferência de ideologias políticas, aplicando a moral diante da prática pedagógica.
A presidente da subsede do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público, em Jauru, Eurides Ramos, ocupou a tribuna da Câmara de vereadores para destacar os absurdos cometidos contra o professor Adenilson Batista Ávila. Ela ressaltou as falácias de que se tratava de um filme pornográfico, comentários maldosos que implicaram na imagem pública do profissional, interferiram na liberdade de cátedra, proliferaram Fake News e comprometeram a carreira e a vida familiar do educador.
"Nossa preocupação é restabelecer a imagem e o profissionalismo desse trabalhador, provedor de sua família. A liberdade de cátedra é um direito constitucional fundamental que garante ao profissional da educação autonomia para conduzir suas atividades de ensino permitido e o livre desenvolvimento do pensamento do ensino aprendizagem dos estudantes. Por isso, é imperativo que todas as condições sejam garantidas para que se promova uma educação cidadã crítica e que reflita a sociedade", destacou a dirigente sindical.
A professora Silvia Cristina Passos, usou a tribuna para ressaltar o absurdo da classificação dada ao filme que justificou a demissão do educador. Professora há mais de 30 anos, tendo inclusive atuado em uma escola salesiana, reproduziu o filme inúmeras vezes por ser um conteúdo pertinente à aprendizagem e com indicação classificada para adolescentes de 14 anos. "Ele é usado para pensarmos na evolução humana sobre a terra", argumentou.
Outro professor, Genilson Barbosa, abriu sua fala durante a sessão destacando a perplexidade da atitude vexatória promovida pela vereadora Kátya Regina, que antecipou um pronunciamento com discurso de ódio sobre a prática pedagógica, atacando também a qualidade do ensino da escola e os alunos ali presentes, desrespeitando o direito de liberdade. "Distorção de fatos é um desrespeito à população. A propagação de fake news e informações distorcidas se espalham rapidamente na sociedade, prejudicando a confiança de um educador dedicado e questionando os valores da nossa escola", destacou o professor.
O presidente da Câmara de Vereadores, João Leite, concluiu a sessão destacando que a mobilização deu uma aula de cidadania. Ele se prontificou, juntamente com parte dos parlamentares, a encaminhar um ofício ao secretário de estado defendendo o retorno do professor à escola e a buscar o apoio do Prefeito Passarinho para que a justiça seja feita.