Prática revela a contradição de um estado rico, mas que nega o ensino aos trabalhadores
Os estudantes Pedro e Maria da Penha, alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Escola Estadual Tancredo Neves, em Cuiabá, enfrentam uma nova ameaça na trajetória escolar. Depois de serem privados do direito à escola, voltam a ser prejudicados pela notícia do fechamento da escola. A realidade vivida pelo casal, de 64 e 57 anos, respectivamente, é uma das lutas do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público (Sintep-MT) contra a política de desmonte e na defesa da Alfabetização e Educação Básica para jovens e adultos.
Todos os dias, no último ano, Pedro e Maria da Penha saem de casa no bairro Pedregal às 18h30 e caminham até a Escola Estadual Tancredo Neves, no Jardim Leblon, onde estudam até as 22h15. Agora, a escola pode ser fechada, deixando-os reféns da política economicista do governo, que empurra todos os estudantes da EJA para uma única unidade, no centro da cidade. “Meu marido chega em casa do trabalho às 18h e não temos como ir para o centro e voltar tarde da noite”, esclarece Maria da Penha Teixeira Silva.
Pedro deixou a escola aos 15 anos, devido à distância e à precariedade do transporte escolar na região de Tesouro, onde morava. Agora, enfrenta novamente a ameaça de ficar sem estudar. “Não tive oportunidade de estudar porque não tinha escola perto, agora o governador em vez de abrir mais escola, quer fechar. Eu também pago imposto”, ressalta Pedro Oliveira.
A política do governo Mauro Mendes para a Educação de Jovens e Adultos prossegue ampliando os dados de analfabetismo. “É flagrante a contradição, de um estado rico, entre os melhores PIB's do país, mas que nega o ensino aos trabalhadores. Deveríamos estar debatendo a ampliação de jornada, criação de escolas de tempo integral. Ao invés disso, o governador autoriza o fechamento do ensino noturno e fechamento de escolas”, aponta indignado o secretário adjunto de Política Educacionais do Sintep-MT, Gilmar Soares.
Segundo o presidente do Sintep-MT, Valdeir Pereira, a Educação de Jovens e Adultos é fundamental para a formação mínima na Educação Básica e o acesso ao conhecimento, que vem sendo desmantelada nacionalmente desde 2016, com agravamento, no estado, pela gestão de Mauro Mendes.
“Enquanto o governo insiste em fechar escolas, histórias como as de Pedro e Maria da Penha correm o risco de aumentarem cada vez mais. Reforçamos a necessidade de mobilização da sociedade para garantir que a EJA continue sendo um caminho para o conhecimento e a transformação social”, conclui.