Escrito por: CNTE
Guelda Andrade avalia que o novo ensino médio é a diminuição do papel do estado na educação
Foto: Elza Fiuza/Agência Brasil
Depois de participarem da Jornada de Formação e Debate sobre o "Novo Ensino Médio", organizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), trabalhadoras e trabalhadores da educação de várias regiões do Brasil saíram fortalecidos para a resistência e luta pela revogação do novo ensino médio, principalmente nas eleições de 2022.
A secretária de assuntos educacionais da CNTE, Guelda Andrade, explica que a ideia de reunir secretárias e secretários dos sindicatos filiados e interessados pelo tema é subsidiar trabalhadores/as em educação e dizer que revogar o novo ensino médio agora é quase impossível, mas que será uma das reinvindicações da categoria.
“Que a gente consiga de fato, nas eleições de 2022, construir um projeto de sociedade diferente, soberana, e isso perpassa um projeto de educação sólida que garanta o processo de democratização, acesso e permanência, qualidade e informação para nossa juventude. E isso, só com presidente, deputados e deputadas comprometidos com a educação para garantir o desenvolvimento do país, além de conseguir deixar de ser um reduto de commodities para servir os Estados Unidos”, relata Guelda, se referindo ao debate que a categoria vai fazer com as candidatas e os candidatos.
A nova formatação do ensino médio, a organização curricular, os prejuízos para a carreira docente e os desafios para a juventude brasileira foram temas de discussão na jornada, que aconteceu nos dias 28 de junho e 5 de julho.
A partir de janeiro deste ano, e gradualmente até 2024, começou a ser aplicada em todo o país a reforma do Ensino Médio, aprovada pelo então presidente, Michel Temer (MDB). Na prática, esse "Novo Ensino Médio" traz aos alunos formações precárias com cursos de curta duração e aulas por vídeo conferência.
Em carta aberta, a CNTE se posicionou pela revogação da Reforma do Ensino Médio (Lei 13.415/2017). O documento, assinado por diversas organizações e movimentos da educação, foi publicado no dia 8 de junho e apresenta 10 razões que evidenciam o caráter antidemocrático desta Reforma, que é um projeto de educação avesso à equidade e ao combate das desigualdades sociais e educacionais.
Enquanto não tem prazo para que esta discussão volte a acontecer no Congresso Nacional, Guelda relata que as trabalhadoras e os trabalhadores da educação vão dialogar e mostrar para a sociedade que este novo ensino médio é uma investida neoliberal e uma diminuição do papel do estado com objetivo de formar pessoas com mão de obra barata.
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Para ela, o projeto é que as pessoas façam as tarefas sem questionarem o que estão fazendo e por que estão fazendo, é esse o objetivo das elites: continuar acumulando bens e quem paga a conta é o trabalhador, que continua com salários baixos, trabalhos precários e sem dignidade, apenas sobrevivendo de migalhas.
“Enquanto isso nossa juventude pobre está sendo excluída do processo de conhecimento para concorrer e competir de igual pra igual com os filhos da elite. Esse projeto de nação que queremos para 2022 depende de um projeto de educação sólido, que pense um tratamento diferente entre os desiguais, porque não dá pra tratar os desiguais com igualdade”, ressalta Guelda.
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A diretora disse que para pensar o ensino médio é necessário fazer um debate de concepção, de homem, de mundo, de mulher, de juventude, sociedade e de projeto de nação com objetivo de trazer essa discussão para essa tomada de consciência com argumentos para fazer a resistência no chão da escola.
“A gente precisa reafirmar o formato de ensino básico e médio que a gente tem nos institutos federais porque eles não foram revogados. Nós tivemos a 'reforma ao ensino médio' de forma autoritária e arbitrária, ela não revogou o ensino médio anterior, portanto devemos resistir e continuar a luta.”, finalizou Guelda.