Escrito por: CNTE
Em abril de 2022, a professora aposentada Regina de Fátima Felini, 68, recebeu uma ligação de uma mulher que se identificava como representante do Banco do Brasil, onde possui conta. O número utilizado era o mesmo registrado na agenda de contatos.
A alegação é que haviam hackeado os dados bancários e realizado diversas movimentações suspeitas. Para resolver a situação, seria necessário comparecer a um caixa eletrônico com urgência e impedir a efetivação das transações. Diante do terminal, Heloísa foi orientada a inserir o cartão, alterar a senha e, dessa forma, concedeu permissão para que a pessoa do outro lado da linha conseguisse manipular a tela. A suposta representante do banco lia o nome de pessoas que teriam feito a operação e questionava se Heloísa as reconhecia.
Com ações rápidas e seguidas, enquanto fingia confirmar o estorno das movimentações fraudulentas, a criminosa manipulava a vítima para ajudar a preencher informações e efetuar pagamentos.
Ao final do golpe, foram sete transferências e cinco boletos pagos. “O principal impacto é psicológico, você fica arrasada quando percebe que foi completamente iludida para fazer uma coisa errada. Mas também econômico, porque as economias que fiz durante a pandemia entreguei todas para eles. Não sei como conheciam esse valor que eu tinha guardado”, lamenta.
Regina faz parte de uma realidade alarmante no país. Durante o período da pandemia da Covid-19, fraudes financeiras contra idosos aumentaram em 60%, de acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). A principal ação do grupo se deu por meios virtuais, como aplicativos, ligações e mensagens de texto. Com o aumento do uso da internet para realizar atividades cotidianas durante o período de isolamento social, criminosos focaram principalmente em grupos considerados com maior dificuldade na utilização de novas ferramentas tecnológicas. A estimativa da federação é que em 70% das fraudes o cliente do banco é induzido a informar códigos e senhas.
Medidas legais
Ações que visam garantir maior segurança tramitam no Congresso e buscam estabelecer um ambiente para coibir crimes. Uma delas é o Projeto de Lei 74/2023, do senador Paulo Paim (PT-RS), que determina a obrigatoriedade da assinatura física e presencial para a efetivação de contratos de empréstimos consignados por parte de idosos. A medida aguarda votação no Senado.
O texto do parlamentar, autor do Estatuto do Idoso, criado em 2003 durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também obriga a instituição financeira fornecer uma cópia física do contrato para assegurar que o consumidor tenha acesso a todas as informações. O governo Lula também criou, por meio da Portaria nº 325/23, um grupo de trabalho para estabelecer ações de enfrentamento à violência financeira e patrimonial contra a pessoa idosa. Mas nada é mais eficiente do que estar sempre alerta. O Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) lista ações como o contato para informar um falso bloqueio do benefício, que demandaria o fornecimento de dados do segurado para regularização, até falsos agendamentos de perícias e a existência de valores atrasados a receber como exemplos de golpes.
A abordagem em caixas eletrônicos de autoatendimento dos bancos por pessoas que se identificam como funcionários desses estabelecimentos e orientam a atualizar o cadastro e inserir novas senhas, nos moldes do golpe aplicado sobre Regina, também é comum. Em situações assim, o criminoso consegue trocar os cartões. Porém, as armadilhas mais comuns atualmente são lançadas por meio de celulares e computadores.
O que fazer em caso de golpe?
Caso perceba que foi vítima de uma ação criminosa, entre em contato imediatamente com a polícia no telefone 190 para registar um boletim de ocorrência. Também é preciso acionar a instituição financeira o mais rápido possível para que os cartões e dados bancários sejam protegidos.
DICAS PARA NÃO CAIR EM GOLPE
• Jamais deixe o número de telefone visível nas redes sociais.
• Não compartilhe senha de bancos e nem clique em links suspeitos com promoções tentadoras.
• Não forneça senha ou número do cartão a ninguém.
• Não entregue o cartão para qualquer pessoa que se identifique como representantes do banco. A instituição financeira não retira cartões nas residências.
• Não informe dados bancários pelo telefone a desconhecidos.
• Caso receba uma ligação dizendo que o cartão foi clonado, o cliente deve desligar, pegar o número de telefone que está no cartão e ligar de outro telefone para verificar a informação.
• Nunca clique em links enviados por SMS ou e-mail. Certifique-se antes que as informações são seguras.