Agência de risco internacional de olho nas eleições do Brasil
Publicado: 15 Setembro, 2014 - 17h03
Para as agências de risco, os países em desenvolvimento que não se comprometem com altos superávits primários, ou que deixam de financiar os rentistas nacionais e internacionais com juros exorbitantes (ainda que tenham reservas cambiais acima da média mundial – US$ 380 bilhões no caso do Brasil), não merecem boa classificação em seus suspeitíssimos rankings de investimentos externos.
Também não são levados em consideração pelas agências “abutres” as políticas de transferência de renda e os incentivos ao emprego, que muitas vezes reduzem a receita fiscal dos governos, pois seus interesses se voltam exclusivamente para a ciranda financeira.
O problema, no entanto, é que a dita “sinalização” da Moody’s não parece em consonância com a percepção real dos investidores. Neste ano de 2014, o Brasil encontra-se na 5ª posição do ranking de investimento estrangeiro, ficando atrás apenas dos EUA, China, Hong Kong e Rússia. O país mantém-se a frente de Alemanha, Reino Unido, Austrália, Índia, Cingapura, Canadá, entre outras economias desenvolvidas e em desenvolvimento.
Diante desse descompasso grotesco e da já sabida pressão pela manutenção intocável do tripé macroeconômico (mantra das agências de risco, pautado no superávit primário, nas metas inflacionárias e no câmbio flutuante – sem ingerência governamental), a Moody’s parece mesmo é querer interferir nas eleições nacionais, turbinando candidaturas comprometidas com sua política de desregulamentação do mercado financeiro, principalmente através da independência do Banco Central.
A CNTE já se posicionou sobre este tema que impacta o emprego e a renda dos trabalhadores – e as políticas sociais do país –, e reitera sua disposição em combater a proposta de Banco Central independente, que é de extremo perigo para o desenvolvimento com inclusão social no Brasil.
Roberto Franklin de Leão
Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação