[MT] Educadores defendem o “Revoga Já” contra tentativa do MEC manter o Novo Ensino Médio
Portaria publicada pelo Ministério da Educação propondo consulta popular sobre o Novo Ensino Médio desconsidera estudos e vivência de profissionais e estudantes na escola
Publicado: 13 Março, 2023 - 14h03
Escrito por: CNTE

Dirigente Guelda Andrade reafirma as defesas do Sintep-MT e CNTE, pela Revogação do Ensino Médio
O Ministério da Educação (MEC) tenta, a todo custo, manter o Novo Ensino Médio, contrariando as críticas ao modelo vigente apresentadas pelas entidades ligadas à educação, estudantes e profissionais. Com aparente viés democrático, o MEC lançou dia 7 de março a Portaria nº 399/2023 que estabelece consultas públicas com gestores, professores e estudantes para avaliação do atual formato. O documento foi recebido com mais indignação pelos educadores, por desconsiderar o que já está previsto pela Política Nacional de Participação Social, de 2014, como canais de diálogo entre o governo e a sociedade civil organizada.
O espaço defendido pelos educadores é o Fórum Nacional de Educação (FNE), entidade composta por representante do governo e sociedade civil organizada, local defendido como mais adequado para dialogar sobre o tema e criar o espaço para o debate democrático na construção de uma proposta assertiva, por este representar toda a sociedade.
Para a secretária de Políticas Educacionais do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), também secretária de Assuntos Educacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Guelda Andrade, está havendo resistência à retomada do FNE na mesma formatação que estava antes do golpe de 2016, que promoveu o desmonte do Fórum. “O MEC publicou essa portaria sem considerar a posição da CNTE e as incontáveis pesquisas realizadas pelas universidades, de que o atual Ensino Médio não atende as necessidades da nossa juventude, além de deixa um número gigante de estudantes para fora da escola pela necessidade de trabalharem”, relata a dirigente.
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O anúncio do Novo Ensino Médio, em 2017, foi carregado de críticas dos educadores, pela mutilação que representava a proposta ao direito à educação. “O formato de ensino médio que defendemos já existe e é aquele ministrado nos Institutos Federais. Esse corresponde às nossas expectativas e é o formato ideal. Ele trabalha a parte profissionalizante e também ensina nosso estudante a serem críticos a pensar”, destaca a educadora.
Para os profissionais da educação, o MEC está se recusando a ouvir quem de fato dialoga com a base e está no dia a dia das escolas. A resistência da Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino (SASI) apresenta grande dificuldade para avançar no desenvolvimento de políticas educacionais, conforme os anseios dos trabalhadores da educação e dos estudantes. “O que vem ocorrendo é a evasão escolar, pois as propagandas feitas, não condiz com o que está sendo implantado nas escolas públicas. Foi feita uma propaganda mentirosa”, afirma Guelda.
A proposta da CNTE e das demais entidades que compõem o Fórum Popular Nacional de Educação é a defesa da CNTE é “Revogação já”. Não aceitam o argumento do MEC de que é inviável, pois o modelo já está em andamento, há um ano. “Seria o momento ideal para revogá-lo, antes que comprometa ainda mais o direito dos estudantes”, destaca.
“O Estado brasileiro precisa ter a responsabilidade com a democratização do acesso e com o ingresso desses estudantes no Ensino Médio. Precisa lembrar que esse ingresso não se resume na matrícula. É preciso condição de permanência e a qualidade da formação que está sendo ofertada. Precisa ser compromisso amarrado neste tripé ingresso, permanência e qualidade da formação”, conclui Guelda.
Fonte: Sintep-MT (11/03/2023)