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[SP] Pesquisa indica que quase metade dos estudantes da rede pública estadual de SP já sofreu algum tipo de violência na escola

O estudo também mostra que familiares de estudantes, professores e alunos querem mais segurança nas escolas e consideram muito importante que elas tenham projetos de acompanhamento de saúde mentalUma pesquisa do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP) e do Instituto Locomotiva revela que 48% dos estudantes da rede já sofreram algum ti...

Publicado: 29 Março, 2023 - 11h44

Escrito por: CNTE

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O estudo também mostra que familiares de estudantes, professores e alunos querem mais segurança nas escolas e consideram muito importante que elas tenham projetos de acompanhamento de saúde mental

Uma pesquisa do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP) e do Instituto Locomotiva revela que 48% dos estudantes da rede já sofreram algum tipo de violência nas dependências das escolas em que estão matriculados.

Os números são ainda mais alarmantes quando professores, alunos e familiares são perguntados se souberam de casos de violência nas escolas que frequentam: 71% dos estudantes, 73% dos familiares e 41% dos docentes responderam que sim. Neste contexto, estudantes (69%), seus familiares (75%) e professores (68%) enxergam como média ou alta a violência nas escolas estaduais de São Paulo. E todos concordam que o governo estadual deveria dar mais condições de segurança.

Os casos de violência mais citados são diferentes entre os professores e os alunos: para quem ensina, a maioria dos casos diz respeito à agressão verbal, enquanto os estudantes citam o bullying como principal vetor da violência.

Praticamente todos entrevistados (95% dos estudantes e dos familiares e 91% dos professores) concordam que questões de saúde mental como esgotamento, ansiedade e outros problemas se tornaram mais relatados por estudantes e professores.

Porém, enquanto a grande maioria relata haver necessidade de projetos de acompanhamento da saúde mental nas escolas, pouco mais da metade dos entrevistados diz que a escola tem iniciativa deste tipo.

Pesquisa reforça necessidade de providências por parte do governo do Estado

O debate sobre violência nas escolas voltou à pauta nesta semana devido ao episódio em que um adolescente esfaqueou cinco pessoas na Escola Estadual Thomazia Montoro, no bairro da Vila Sônia, na Capital, causando a morte da professora Elisabete Tenreiro.

O levantamento com o Instituto Locomotiva faz parte do esforço permanente da APEOESP de realizar periodicamente pesquisas sobre a questão da violência nas escolas e cobrar da secretaria estadual da Educação e demais órgãos do governo estadual providências para a redução da incidência dessas ocorrências.

Segundo a presidenta da APEOESP e deputada estadual, Professora Bebel, faltam funcionários nas escolas, o policiamento no entorno das unidades escolares é deficiente e, sobretudo, não existem políticas de prevenção que envolvam a comunidade escolar.

“O programa de mediação escolar, criado em 2009 pela secretaria da Educação a partir de proposta da APEOESP, em que professores trabalhavam na solução de conflitos e harmonização do ambiente escolar, foi praticamente abandonado. As consequências se fazem sentir no crescimento do número de casos”, afirma Bebel.

Além disso, ela destaca não ter nada contra a instalação de detector de metais, câmeras nas áreas comuns e adoção de outras medidas preventivas nas escolas, mas que elas não surtirão efeito algum se não houver servidores e especialistas para realizar o monitoramento desses equipamentos em tempo real e se não houver medidas que trabalhem a prevenção em seu sentido mais amplo.

“Vivemos, lamentavelmente, um período de incentivo ao armamento das pessoas e à banalização da violência, e isso afeta fortemente os adolescentes e os jovens. É necessário que existam nas escolas psicólogos capacitados a realizar um trabalho preventivo junto a esses jovens. É verdade que os professores têm sensibilidade para identificar potenciais agressores e até mesmo para dialogar com eles, dissuadindo-os, muitas vezes, de ações violentas. Porém, os professores são responsáveis por diversas classes com 35, 40 ou mais estudantes e não lhes cabe atuar nesse campo”, reforça a presidenta da APEOESP.

O presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, observa que os dados mostram que a insegurança e casos de violência no ambiente escolar são uma realidade. “Para lidar com esse cenário é necessário um movimento amplo de toda a sociedade para construir uma cultura de paz. Precisamos de investimento humano e tecnológico para prevenção e enfrentamento da violência, começando pelos colégios de periferia”, diz Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.

A pesquisa Ouvindo a comunidade escolar: desafios e demandas da Educação Pública do Estado de São Paulo, do Instituto Locomotiva e da APEOESP, ouviu 1.250 estudantes, 1.100 professores e 1.250 familiares de alunos em todo o Estado de São Paulo entre 30 de janeiro e 21 de fevereiro de 2023.

(Apeoesp, 29/03/2023)