MENU

[MT] FGV: A 'Esfinge' que Ameaça a Liberdade de Cátedra e a Educação Pública em Mato Grosso

 Cida Cortez. Foto: ReproduçãoTrabalhadores docentes de VG, foram surpreendidos com técnicos da Seduc e representantes da Fundação Getúlio Vargas, que chegaram em algumas unidades escolares, de surpresa, para assistir às aulas de Língua Portuguesa e de Matemática. Chegaram e saíram sem informar a finalidade da "visita" e o resultado da observação.Houve reação! E essa rea...

Publicado: 06 Junho, 2023 - 10h07

Escrito por: CNTE

notice

 

Cida Cortez. Foto: Reprodução

Trabalhadores docentes de VG, foram surpreendidos com técnicos da Seduc e representantes da Fundação Getúlio Vargas, que chegaram em algumas unidades escolares, de surpresa, para assistir às aulas de Língua Portuguesa e de Matemática. Chegaram e saíram sem informar a finalidade da "visita" e o resultado da observação.Houve reação! E essa reação precisa intensificar, massificar na defesa da cátedra e no respeito a quem está no ambiente escolar

O contexto econômico em que vivemos é complexo. Impulsionado por corporações e organizações empresariais interessadas no comércio da educação e em abocanhar recursos públicos, atuam em MT apoiadas por um governo absolutamente reacionário, acompanhado de ataques aos lutadores pela educação pública e gratuita. Agregado à essa política, professores e funcionários são negligenciados e alijados de perspectivas progressistas que possam corroborar na consolidação de uma educação crítica para todos os estudantes da escola públi

A FGV tem contribuído para com o caráter centralizador do projeto privatista do currículo escolar e da gestão da escola pública na qual se inclui a formação em serviço em nosso Estado. Em geral, as empresas que usam o ensino público como “nicho” mercadológico, apresentam-se com 'experts' em educação, para vender seus produtos.

Não podemos nos tornar reféns desse jogo vil de expropriação da produção intelectual dos nossos educadores. Somente com projetos coletivos com endereço e, portanto, identidade, é que decifraremos e destruiremos a ‘esfinge’.

Se compreendermos que a FGV é uma ‘esfinge’ o primeiro desafio é refletir seriamente sobre a necessidade de assumirmos a posição de educador pensador, reflexivo e construtor da sua práxis pedagógica.

Os ideólogos da FGV expõem com nitidez indiscutível a luta nesse ‘território contestado’ de disputas de projetos que devemos enfrentar: que educação queremos de fato? Educação como mercado ou educação como direito? A escola é o espaço fundamental para a reflexão sobre projetos antagônicos.

A escola pública é nosso território, é campo privilegiado para a práxis política. Na escola pública estão as massas trabalhadoras, os desvalidos, os filhos de desempregados, os mal remunerados, os humilhados, os oprimidos, os explorados, mas que nutrem a esperança de um mundo justo e fraterno. Na escola pública estão as subjetividades daqueles cuja vida prática reclama verdades objetivas, esclarecimentos, engajamentos em práticas transformadoras.

Projetos estranhos à comunidade escolar como o da FGV, precisam ser enfrentados exatamente como é: empresa do mercado, cujo interesse é manter a sociedade de classes, onde quanto mais excluídos de uma educação com qualidade social referenciada, maior será a venda dos seus produtos: apostilas, formações privatizadas, currículos privatizados gestões privatizadas, por isso não podemos ficar ‘falando de lado e olhando pro chão’. A FGV precisa ser enfrentada exatamente como é a esfinge mitológica: ‘decifra-me ou eu te devorarei’!

Exemplo de tudo isso é o chamado ‘Sistema Estruturado’ de ensino adotado pela Seduc, que compreende apostilamentos como material didático; avaliações externas; formação tecno- burocrata para docentes; mudanças no currículo desrespeitando os conhecimentos ancestrais dos povos, para um currículo padronizado e sem significância cultural para os estudantes que de longe, não pode significar avanço educacional

O sistema apostilado está fartamente documentado, como sendo inadequado, seja por conter erros conceituais, gramaticais e de conteúdo seja por ser inadequado à formação humana diferenciada e específica.

As avaliações externas, que segundo a Seduc tem como objetivo fazer o diagnóstico da aprendizagem dos estudantes, na verdade tem outra finalidade: negar o direito à uma educação transformadora e reproduzir uma educação formadora de mão de obra barata, fácil de ser explorada.

A formação profissional que vem sendo desenvolvida pelo chamado ‘sistema estruturado’, é uma formação tecnocrata instrumental, para servir a quem? apenas para responder às exigências do Órgão Central e para reprodução do sistema estruturado do Brasil desigual.

Agora mais essa: convivência com estranhos à comunidade escolar, que adentram a sala de aula, nada dizem, mas fere a liberdade de cátedra docente garantida na Constituição Federal e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira. Reação já!

Por Maria Aparecida Cortez - Técnica em Assuntos Educacionais; Suplente no Conselho estadual de Educação; Secretaria Adj. de Funcionários - Sintep-MT; Secretária de assuntos jurídicos Sintep/Subsede VG (06/06/2023)