Educadores de todo o Brasil se solidarizam com o professor da rede estadual de ensino de Roraima
Trabalhador é mais uma vítima da perseguição e censura que se impõem contra a escola pública e a educação no país
Publicado: 11 Março, 2022 - 19h08
Escrito por: CNTE

Educadores de todo o Brasil se solidarizam com o professor da rede estadual de ensino de Roraima, mais uma vítima da perseguição e censura que se impõem contra a escola pública e a educação no país
No último mês de fevereiro, a aula de um professor de geografia de uma escola de ensino médio de Boa Vista, capital de Roraima, ganhou repercussão nacional por causa de uma fala sua fora de contexto, gravada sem autorização. Ao debater com seus estudantes a importância das políticas públicas para o fomento da igualdade no país, uma frase do professor foi desviada de seu sentido proposto pelo professor e apropriada pelos mais terríveis defensores da mordaça escolar.
Movidos pela mesma lógica do Movimento Escola sem Partido, que impõe censura e perseguição de toda ordem nas escolas brasileiras, os que passaram a atacar o professor, incluindo o próprio Presidente da República em suas lives semanais, voltam a falar do mesmo tema que sempre falavam: as escolas e professores/as brasileiros/as ensinam “comunismo”, “sexo” e “desordem” aos/às jovens e crianças do Brasil. Mesmo derrotados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que julgou inconstitucional uma lei desse movimento em Alagoas ainda em 2020, os defensores dessas teses esdrúxulas voltam a todo o momento a retomar esse tipo de ação. Os professores passaram a ser inimigos da sociedade.
O debate importante sobre a necessidade das políticas públicas para o povo brasileiro, tema pautado pelo professor em sua aula, não pode ser criminalizado como foi. Trata-se, mais uma vez, de uma grave ameaça à liberdade de ensinar assegurada pelo texto da Constituição brasileira. O debate sugerido pelo professor, que foi filmado de forma indevida em sua atividade profissional, tentava tão somente instigar o pensamento crítico dos estudantes. Apropriado de forma venal pelos defensores da mordaça nas escolas brasileiras, a fala do professor e o processo de ensino-aprendizagem, que deve ser livre e crítico, são os maiores perdedores em todo esse processo que terminou por culminar com o afastamento do professor de sala de aula, sem sequer ser ouvido.
Os/as educadores/as de todo o Brasil se solidarizam com o professor de Boa Vista, mais uma vítima da intolerância e perseguição dos tempos em que se vivem no Brasil. Aos detratores da liberdade de ensino, nosso veemente repúdio. Dias melhores virão e, temos certeza, que o futuro nos reserva o fim da censura e da mordaça em nosso país, anunciando ventos de democracia plena e direitos ao nosso povo.
Brasília, 11 de março de 2022
Direção Executiva da CNTE