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Encontro da Rede de Mulheres Trabalhadoras em Educação: potência feminista para fortalecer todas as lutas

Encontro aponta o desafio de aumentar o acesso de mais mulheres aos espaços de poder

Publicado: 03 Dezembro, 2019 - 16h15

Escrito por: CNTE

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O encontro da Rede de Mulheres Trabalhadoras em Educação da Internacional da Educação para América Latina (IEAL) retomou a programação de hoje (03/12) com palestra da
professora de Sociologia da rede estadual de Educação do Paraná, Eliana Santos. Ela exibiu vídeos de resistência das mulheres na América Latina, iniciando com “O olhar de cozer as nossas dores”. Eliana denunciou o desmonte das políticas para mulheres que foi levado a cabo ainda na gestão golpista de Temer, e valorizou a resistência das mulheres. “Governo destruidor de todas as ações implementadas nos governos populares. Ele extinguiu diversos ministérios, como exemplo: das Mulheres e Igualdade Racial, Casa da Mulher Brasileira, entre outros”, lembrou.

Para a socióloga, com a destruição das politicas públicas e com a retirada de direitos conquistados historicamente com muita luta, as campanhas de defesa foram para as ruas com a participação fundamental das mulheres. “Milhares delas foram às ruas. No Paraná, não foi diferente porque também tínhamos um governo privatista e retrógrado”, exemplificou.
Se reportando aos dias de hoje e sobre o atual governo, Eliana Santos reforçou o cenário desastroso, dizendo que com a extinção de vários ministérios, a realidade vivida é de um
governo de retrocessos com fundamentalismo religioso, de militares e com práticas nazistas.

“A maioria dos ministérios é liderado por homens. Qual deles representa o Ministério da Mulher? Se a Ministra de Estado da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, hoje, assume uma posição submissa, de família tradicional abominando outros tipos de família. É um Ministério machista e fundamentalista. Assim como outros órgãos de um governo que volta ao período, onde não tínhamos nenhuma legislação”, explicou.

Pequenas revoluções
A professora socióloga Eliana Santos relatou algumas experiências vivenciadas no Paraná. “Estamos desenvolvendo aqui no Paraná o Clube de Leitura Feminista que esta no seu terceiro ano. Iniciamos o clube com a leitura do “100 anos da Revolução Russa”, sendo essa organizada por mulheres russas e a experiência foi ótima”. Eliana falou sobre algumas bibliografias reverenciando Paulo Freire.

Para Eliana, devem ser organizados grupos de empoderamento das mulheres, a exemplo do que já ocorre no Paraná. “As experiências dos grupos organizados nas escolas com pequenas reuniões-conversas nos locais de moradia ou de trabalho contribuem bastante para esse empoderamento mesmo em número pequeno. Quem sabe serão pequenas revoluções?”, questionou. Ela recomendou leituras como “A caça às bruxas e o Surgimento do Capitalismo”, que dialoga com as mulheres que foram fundamentais para a resistência. “Hoje, com a retirada de todos os nossos direitos, sendo o alvo as mulheres pobres e a juventude negra. Eles retrocedem”, desabafou e concluiu “temos um Estado machista e opressor, casos de feminicídio aumentando, mas resistiremos”.



Igualdade de gênero
A Coordenadora Regional da IEAL, Gabriela Sancho, apresentou painéis com dados do Comitê Consultivo sobre as implicações para a lei de Trabalho OCDE informados na 55ª reunião do Conselho Executivo, realizado nos dias 19 e 21 de novembro de 2019, que serão enviados aos Sindicatos e organizações.

Já a secretária geral da CTERA-Argentina e integrante do Comitê Executivo Mundial da Internacional da Educação (IE), Sonia Alesso, revelou que no último Congresso Mundial, a
região do mundo que registrou uma participação muito pequena foi a América Latina. “Durante o Congresso foi realizado uma pesquisa geral das participações que podemos enviar a cada Sindicato. Neste documento foi analisada a participação de observadores e delegados. Na Internacional foi fomentada a preferência de participação de mulheres e jovens o que não foi apontado na pesquisa. No entanto, essa é uma tarefa que temos que discutir. Porém, também hoje uma boa notícia: a sede do encontro de 2023 será em Buenos Aires, Argentina”, revelou Alesso. Ela ressaltou que é necessário garantir ampla participação de mulheres.

“Precisamos ter uma grande delegação e, assim, superar a participação anterior. Temos que estar presente com 60% de mulheres delegadas e observadoras. Isso tem que tornar uma
realidade”, frisou a secretária geral do CTERA. Em relação às resoluções, Sonia Alesso destacou que no tema democracia a América Latina teve uma participação boa, com resoluções importantes vinculadas ao tema de gênero, com um olhar muito atento à democracia. “O melhor dos últimos tempos. Também foram adotadas resoluções de solidariedade aos países que estão em luta”, revelou.

O Encontro da Rede de Mulheres encerrou-se, deixando como desafio a questão de como aumentar e facilitar o acesso de mais mulheres aos espaços de poder e nas posições de
liderança e tomada de decisões nas organizações sindicais. O resultado do trabalho em grupo que se propôs a apontar sugestões de como chegar a esses resultados, será sistematizado e divulgado aos participantes em breve.



Compromisso

Em 14 de março de 2018, Marielle Franco, vereadora no Rio de Janeiro, defensora dos Direitos Humanos e das minorias, foi covardemente assassinada. Ela e seu motorista, Anderson Gomes foram executados e as investigações ainda não apontaram os mandantes do crime. Ao encerrar o Encontro, a secretária geral da CNTE e vice-presidenta da IEAL, Fátima Silva, entregou a cada participante uma placa em memória de Marielle, com o endereço do local em que ela foi assassinada. “O Brasil e o mundo merece saber quem mandou matar Marielle. Encerramos o encontro com o compromisso de seguir a luta de todas as mulheres defendendo uma sociedade mais justa e igualitária para todas e todos”, concluiu.

>> Acesse o álbum de fotos na página da CNTE no Facebook

Fotos e Texto: Jordana Mercado