GÊNERO

 

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Na abertura da 4ª Conferência Mundial de Mulheres da Internacional da Educação (IE), Susan Hopgood, presidente da entidade, refletiu sobre as consequências da pandemia de Covid-19 e as contradições e desigualdades exacerbadas nesse contexto, principalmente em termos de lacunas de gênero.

Hopgood expressou preocupação com a negação do direito à educação para meninas e mulheres afegãs e outras situações de violência enfrentadas por mulheres em todo o mundo. “A elas é negado o direito à educação, o direito de decidir seu próprio futuro, o direito de serem membros iguais de sua sociedade. Não podemos ficar de braços cruzados enquanto os direitos de meninas e mulheres são negados em qualquer lugar do mundo”, disse ela.

O evento começou nesta segunda (13) e vai até o dia 16 junho, com a participação de mulheres trabalhadoras da educação de todo o mundo. A conferência é realizada pela primeira vez virtualmente, dadas as condições impostas pela pandemia de Covid-19. A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) participa desse encontro – veja aqui mais informações sobre o primeiro dia do evento.

A secretária geral da CNTE, Fátima Silva, que é também vice presidenta da Internacional da Educação para América Latina, compartilhou a visão brasileira sobre o papel dos sindicatos no combate à violência de gênero: “Como sindicato somos parte da sociedade e a questão da violência contra as mulheres é de toda a sociedade. É necessário uma política de estado efetiva com leis para o combate da violência contra as mulheres, que nos devolva a autonomia sobre nossos corpos e vidas. Exigimos que as leis sejam eficientes e exigimos espaços de paz e respeito para todas as mulheres tanto no trabalho como na sociedade em geral”.

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Atividades do dia 14 de junho

No segundo dia do evento foi realizada a palestra "Histórias sobre gênero, poder e muito mais", seguida do painel "Desenvolvendo uma base empírica para a igualdade de gênero nos sindicatos educacionais". Fátima Silva falou sobre a campanha para o Brasil ratificar a Convenção 190 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que trata do assédio no local de trabalho. A Convenção define violência e assédio como comportamentos, práticas ou ameaças que visem e resultem em danos físicos, psicológicos, sexuais ou econômicos para os trabalhadores atingidos. Apesar da Convenção ter sido aprovada na conferência do Centenário da OIT em 2019, na América Latina apenas Uruguai, Argentina e Equador ratificaram a C190. Diante dessa situação, é necessário promover a ratificação da Convenção nos demais países, para garantir espaços de trabalho livres de violência e assédio.

Também foram debatidos os impactos de gênero da pandemia de COVID-19 nos sindicatos e na educação.

Ana Carcedo apresentou os resultados da pesquisa que sua organização realizou em parceria com a Rede de Trabalhadores da Educação da Educação Internacional para a América Latina (IEAL), com o objetivo de compreender as consequências das medidas tomadas pelos governos da região para lidar com a emergência sanitária. O estudo teve como insumos pesquisas, entrevistas e grupos focais realizados com mulheres trabalhadoras da educação e enfocaram a situação de 8 países da região: El Salvador, Honduras, Costa Rica, Colômbia, Brasil, Paraguai, Argentina e Peru.

Entre as principais conclusões está a constatação de que as medidas adotadas pelos governos durante a crise aprofundaram a desigualdade já existente na região e agravaram a ameaça aos direitos trabalhistas, principalmente das mulheres trabalhadoras. A pesquisadora ressaltou que a transição para a educação virtual foi muito improvisada e que os governos não deram as condições necessárias para que os educadores exerçam seu trabalho com dignidade com os recursos necessários, como equipamentos tecnológicos ou conexão à internet.

Fátima Silva agradeceu à equipe de pesquisadores e destacou a importância da realização de investigação na perspetiva dos docentes e das suas organizações. “Esse é um cenário que nos impõe, como dirigentes sindicais da educação, outra agenda para esse processo que estamos vivenciando. Nossa agenda do movimento sindical da educação não pode ser simplesmente dar sequência ao que era antes da pandemia”, concluiu Silva.

A pesquisa sobre a situação trabalhista e educacional na América Latina no contexto da pandemia de covid-19 está disponível no site do IEAL, como publicação da série “Tendências na educação”, e pode ser baixada neste link . Você também pode ler e baixar o relatório executivo da publicação, disponível em espanhol e inglês .

>> Acesse mais novidades sobre a Conferênci no site da Internacional da Educação para a América Latina

*Com informações da Internacional da Educação e IEAL