MACHISTA NO PODER

 2023 01 20 site reproducao instagram
Foto: Reprodução Instagram

O governo de Ratinho Júnior (PSD), no Paraná, não tem compromisso com as questões de gênero, raça e diversidade. Quem afirma é a presidenta da APP-Sindicato, Walkíria Olegário Mazeto, após o governador nomear o atual secretário de Desenvolvimento Social e Família, Rogério Carboni, como secretário interino da Mulher e da Igualdade Racial no estado.

Depois de uma enxurrada de críticas dos movimentos feminista e negro por ter colocado um homem para comandar as políticas para mulheres, Ratinho Júnior indicou a deputada federal eleita, Leandre Dal Ponte (PSD), para comandar a pasta. Dos 36 nomes do primeiro escalão do governo anunciados até o momento, apenas três são femininos.

“Não há um compromisso do atual governo estadual com as questões de igualdade de gênero em seu secretariado, assim como não há com a questões raciais e da diversidade”, afirma a presidenta.

Faltam mulheres, segundo ela, para compor mais espaços nos 36 nomes anunciados para assumir secretarias, até o momento apenas duas mulheres foram nomeadas na gestão. Walkíria afirma ainda que é falta de bom senso no governo de Ratinho Júnior, e isso demonstra que as políticas para as mulheres e negros está longe de ser uma prioridade em seu segundo mandato.

“Às 16 secretarias restantes é composta por homens majoritariamente brancos. Há também no primeiro escalão a nomeação de uma mulher para ocupar o cargo de Procuradora Geral. E fica nisso”.

Pressão popular

A indicação de Carboni gerou reações pelas redes sociais. A Procuradoria Especial da Mulher da Câmara de Vereadores de Guarapuava repudiou a nomeação de um homem para o cargo e avaliou a nomeação como uma "afronta às lutas pela representatividade".

Na avaliação da secretária de relações de gênero da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Berenice D'arc, a pressão da população ajudou o governador recuar.

“A pressão popular foi importante, mas é fundamental o olhar dos governadores, em geral, sobre a representatividade das mulheres proporcional à população. Neste caso, a indicação de um homem branco para ser secretário de mulheres causa muita indignação”, diz a secretária.

Luta contra o machismo

A secretária da CNTE aponta machismo do governador Ratinho Júnior. “Essa luta é contra o machismo, mas colocar numa secretaria uma figura que não vive a dificuldade de ser mulher, das relações de gênero e raça, a gente consegue dizer que um homem não dá conta dessa política”, afirma Berê.

De acordo com a presidenta da APP, há uma questão que supera a ocupação de cargos estratégicos no governo e é sintomático, que é a total ausência de políticas públicas que atendam as demandas das mulheres e negros paranaenses na gestão de Ratinho. “Esperamos que a criação da secretaria revele-se em efetivas políticas e mude o quadro, principalmente em relação às violências sofridas por mulheres e população negra”, finaliza.