Em um país onde as mulheres são maioria (52%), onde os negros e pardos idem (54,9%), onde as conquistas ao longo das últimas décadas significaram vitórias como a Lei Maria da Penha, a Lei do Feminícidio e a Lei do Racismo, o ano de 2018 começa com perspectivas de muita luta para a manutenção desses e de muitos outros direitos alcançados.

Infelizmente, em contrapartida, saímos de um ano cujos golpes fortes e contundentes também foram desferidos contra direitos conquistados. 2017 foi feito de momentos difíceis, com várias iniciativas nefastas do governo golpista, que retirou do comando do país a primeira mulher presidente, Dilma Roussef, legitimamente eleita pelo povo e deslealmente retirada do cargo. Mátria pergunta: vivemos um novo feminismo ou um feminismo que se radicaliza?

A verdade é que o país vive momentos de extremos. No dia a dia, brasileiros e brasileiras se deparam com a depreciação de meninas por meio da mídia e de letras de músicas, de diversos gêneros, e que diminuem a autoestima. Por outro lado, iniciativas estimulam alunas a se aventurarem em campos majoritariamente masculinos e inserem cada vez mais mulheres nos espaços tecnológicos e virtuais, desenvolvendo e programando um mundo baseado em algoritmos femininos.

A edição da Mátria deste ano se inspirou na força e na garra de figuras femininas que fazem da luta diária pela equidade de gênero uma condição do cotidiano. Aqui, contamos histórias de mulheres que enfrentaram e enfrentam diariamente a desfaçatez do racismo. Elas estão fazendo acontecer num momento em que a mulher negra frustra a sociedade e não é mais a empregada doméstica, com cinco filhos, morando no subúrbio. A igualdade 50-50 é uma meta da ONU para 2030 e o Brasil tem elenco para isso.

Assim, o racismo é mais um capítulo desta história de enfrentamento que se combate com mais educação e respeito. A violência está em toda a parte, mas na disputa entre o bem e o mal, a educação vence. A cultura de respeito ao outro é a base de uma campanha da CNTE nas escolas. “Saber amar é saber respeitar” está no ar e cabe à escola e à sociedade, o papel de multiplicar a cultura do combate à violência, evitando que meninas sejam assassinadas dentro da sala de aula por jovens machistas que ainda se acham donos da mulher.

Por fim, para inspirar mais ainda quem defende direitos iguais a todos, Mátria foi buscar na Índia o exemplo da escola que dá oportunidade a crianças ‘dalit’ e faz delas agentes transformadores da própria realidade.

Inspire-se e boa leitura.

Diretoria Executiva da CNTE

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