Carta de Brasília reforça luta global por democracia e valorização docente
Documento da CNTE denuncia ataques antidemocráticos. Segundo painel do III Encontro Regional pela Educação abordou desafios e ideias para o amanhã
Publicado: 18 Setembro, 2025 - 09h50
Escrito por: CNTE | Editado por: CNTE

A defesa da democracia, a valorização dos/as educadores e a urgência de mais investimentos em educação marcaram os debates do painel Frente Nacional e Internacional de Lutas, realizado no III Encontro Regional pela Educação Pública. O evento, que reuniu educadores do Brasil e do exterior, terminou com a leitura da Carta de Brasília, documento que sintetiza compromissos da categoria diante dos desafios atuais.
Tecnologia e condições de trabalho
O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno Araújo, destacou que a luta por melhores condições estruturais deve caminhar junto ao debate sobre tecnologia.
“Quem mora em regiões quentes sabe o que é estar numa sala de aula sem ar condicionado. O investimento tem que existir e chegar a todos. O mesmo vale para a inteligência artificial, que não pode substituir nossa profissão, mas somar sem excluir ninguém”, afirmou.
Crise global de professores
A presidenta da Internacional da Educação para América Latina (IEAL), Sonia Alesso, alertou para a grave escassez de docentes. “No mundo faltam mais de 44 milhões de professores. Temos menos pessoas estudando para ingressar na carreira. Precisamos recuperar o prestígio da nossa profissão e discutir o uso da tecnologia de forma crítica”, disse.
Direitos e valorização
O coordenador-geral da Contee, Railton Nascimento Souza, reforçou que a educação pública deve ser gratuita, inclusiva e socialmente referenciada. Ele defendeu a valorização salarial, a formação acadêmica e o reconhecimento da carreira dos técnicos-administrativos.
Já o presidente da Proifes, Francisco Wellington Duarte, defendeu a unificação da luta: “Ainda temos contratos e direitos como se estivéssemos nos anos 1980. Precisamos avançar e exigir do governo políticas públicas efetivas para direitos humanos, educação e trabalho”.
Organização e mobilização
Para o representante da IEAL, Combertty Rodriguez, a categoria deve transformar debate em ação organizada. “Não é apenas refletir, mas construir propostas coletivas e aplicáveis à realidade que vivemos”, reforçou.
Carta de Brasília
Encerrando o painel, Heleno Araújo leu a Carta de Brasília, aprovada no Seminário Internacional da CNTE. O documento denuncia os impactos do neoliberalismo, reafirma a defesa da soberania e da democracia no Brasil e no mundo, e condena ataques antidemocráticos — incluindo os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 e seus responsáveis.
A Carta também:
- defende o fortalecimento do multilateralismo e de instâncias como o BRICS e o G20;
- exige a proteção da educação pública, gratuita, democrática, laica e de qualidade;
- repudia a militarização escolar e ataques aos currículos críticos e emancipadores;
- e reafirma a necessidade de fortalecer sindicatos como instrumentos de resistência e mobilização.
O texto conclui com uma posição firme: “Não à anistia de Jair Bolsonaro e de todos os golpistas do 8 de janeiro de 2023.”