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CNTE e Ieal cobram na Câmara prioridade para investimento na educação pública

Evento em Brasília reforçou a necessidade de ampliar recursos, valorizar docentes e enfrentar pressões privatistas, destacando o papel da sociedade e do Parlamento na defesa da escola pública

Publicado: 18 Setembro, 2025 - 19h05

Escrito por: CNTE | Editado por: CNTE

Renato Braga
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Nesta quinta-feira, dia 18/09, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e a Internacional da Educação para a América Latina (Ieal), relançaram as campanhas  “Mais investimento para a Educação Pública” e “Não venda a minha escola”, na Câmara dos Deputados, em Brasília. A iniciativa busca fortalecer a escola pública e ampliar o investimento no setor.



O presidente da CNTE, Heleno Araújo, ressaltou que a educação precisa estar no centro das prioridades nacionais. “Os dados mostram a urgência de mais recursos. Ainda há crianças fora da escola, unidades sem estrutura adequada, dificuldades para fixar professores, além da falta de profissionais qualificados”, afirmou.

Heleno destacou também a importância de aumentar o alcance da campanha. “Precisamos definir os rumos políticos que queremos para o país. Com a Ieal, reunimos informações, mostramos parcerias e resultados. É preciso olhar criticamente para os investimentos e contribuir de forma efetiva com a educação pública”, acrescentou.

Consenso de Santiago

A presidenta da Ieal, Sonia Alesso, relembrou o documento aprovado no evento World Summit on Teachers, em agosto, em Santiago, no Chile.“O documento mostra o cenário da educação. Pedagogos, acadêmicos, estudantes pelo mundo participaram do Consenso de Santiago que aponta caminhos de luta, de demandas que precisamos levar adiante. É preciso ter investimentos nos países pobres, na carreira dos docentes e fortalecer que não há plataforma capaz de substituir um professor, que tem um coração. Somos insubstituíveis", disse Sonia Alesso.

A representante da Unesco, Maria Revia, reforçou a relevância do texto. “Pela primeira vez, o vínculo entre professor e estudante foi valorizado, o Consenso mostra esse desdobramento. E a valorização dos docentes é a base de tudo. Nós precisamos atingir as metas estabelecidas, restaurar o ensino, e enfatizar que a inteligência artificial jamais irá substituir um professor em sala de aula", concluiu Maria Revia. 

Painel da manhã

No painel “O caráter pedagógico do orçamento público para as políticas públicas”, o professor Carlos Augusto Abicalil afirmou que a luta da educação sempre esteve na linha de frente. “As organizações que resistiram às ditaduras nasceram nas escolas e universidades. A educação pública é essencial. Não há pedagogia sem afeto, sem encontro humano”, afirmou.

Abicalil criticou a baixa prioridade orçamentária para o setor. “Todos os anos o orçamento da educação é ameaçado. É preciso discutir na sociedade, ampliar a participação popular e tributar os super-ricos. Orçamento público para escola pública é respeito a direitos”, concluiu.

Painel da tarde


À tarde, o painel “A importância da atuação dos Parlamentos na garantia de políticas e recursos para a educação” trouxe alertas sobre retrocessos.

O diretor de Projetos da Internacional da Educação, Angelo Gavrielatos, responsabilizou a falta de compromisso político pela crise mundial. “Precisamos de professores fortalecidos, engajamento social e planejamento para superar desafios”, disse.

A senadora Teresa Leitão lembrou o papel estratégico do Congresso. “A garantia orçamentária de que recursos públicos sejam destinados exclusivamente à educação é uma disputa política. Hoje, ela sofre ameaça das parcerias público-privadas que inserem agentes privados na gestão da escola pública. Diagnósticos temos de sobra; precisamos de prognósticos”, alertou.

Ela também criticou a pressão por resultados numéricos. “Vivemos a síndrome dos rankings: se não estivermos em primeiro lugar, parece que nada vale. Essa visão distorce o sentido da educação”, completou.

O deputado federal Vicentinho reforçou a dimensão transformadora do ensino. “É preciso revisitar Paulo Freire e Mandela. A educação sozinha não muda a sociedade, mas nós, pela educação, somos capazes de mudar”, afirmou.