Coletivo de Saúde da CNTE coloca a qualidade de vida dos trabalhadores da educação e
Encontro realizado em Recife discute saúde mental, assédio moral e condições de trabalho na educação pública
Publicado: 21 Julho, 2025 - 08h09
Escrito por: CNTE | Editado por: CNTE
O Coletivo de Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) se reuniu na sexta-feira (18), em Recife, para discutir os principais desafios relacionados à saúde dos profissionais da educação. O encontro teve como foco os impactos das transformações no mundo do trabalho, como a plataformização, o assédio moral e as questões ligadas à saúde mental, com o objetivo de fortalecer a atuação sindical na defesa das condições dignas de trabalho e qualidade de vida da categoria.
A programação teve início com uma acolhida e apresentação dos participantes, promovendo integração e alinhamento para os debates. Em seguida, o economista e consultor do DIEESE, Reginaldo Muniz, conduziu o painel “Saúde e Trabalho: concepções e desafios para a ação sindical”. Com ampla experiência na área de saúde do trabalhador e políticas públicas, Muniz destacou o papel estratégico dos sindicatos na formulação e monitoramento de políticas que impactam diretamente a saúde laboral.
"É fundamental compreender quais são as políticas públicas voltadas à saúde do trabalhador e como os sindicatos podem interferir na sua construção e fiscalização", afirmou Muniz.
À tarde, a programação seguiu com a roda de conversa “Saúde Mental no Mundo do Trabalho”, conduzida por Marcella Milano, psicóloga especializada em saúde mental e atenção psicossocial. Coordenadora da Comissão de Saúde Mental do Conselho Estadual de Saúde e secretária-geral do Sindicato dos Psicólogos de São Paulo, Milano trouxe à discussão os efeitos psicossociais das mudanças nas relações de trabalho e sua influência sobre o bem-estar dos educadores.
Assédio moral e precarização
Francisca Seixas, coordenadora do Coletivo de Saúde da CNTE, sintetizou os principais pontos discutidos durante o encontro, destacando a urgência de enfrentar os efeitos da plataformização sobre o trabalho docente.
"Fizemos um debate aprofundado sobre como as transformações no mundo do trabalho, especialmente a plataformização, têm intensificado o assédio moral e fragilizado a gestão democrática nas escolas. Tudo isso tem repercussões diretas na saúde dos profissionais da educação", afirmou.
Seixas também chamou atenção para a necessidade de se estabelecer o nexo causal entre as condições de trabalho e os casos de adoecimento da categoria.
"É preciso ir além do tratamento dos sintomas. Precisamos agir na prevenção e reconhecer que as condições de trabalho estão no centro do problema. Melhorá-las é essencial para promover a saúde dos profissionais da educação", concluiu.
Fortalecimento dos Coletivos
Paulo Henrique Fonseca, representante do Sindiute-MG, também participou do encontro e destacou a importância da criação de coletivos de saúde nos sindicatos estaduais.
"Muitos sindicatos ainda não têm um coletivo de saúde estruturado. Essa organização é essencial para desenvolver ações preventivas e propor um ambiente escolar mais saudável para toda a comunidade", afirmou.
Fonseca defendeu um modelo de trabalho que respeite os limites físicos e emocionais dos profissionais e criticou a precarização das condições de trabalho e salário na educação pública.
"Precisamos discutir as condições reais dentro das escolas e organizar os locais de trabalho para enfrentar esses desafios. Esse debate tem que estar dentro da escola, porque é lá que tudo começa", completou.