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Editorial - O melhor e o pior

Publicado: 03 Março, 2021 - 02h01

Escrito por: CNTE

De repente, enquanto as pessoas viviam suas pequenas lutas cotidianas – vencendo, perdendo, empatando, mas seguindo em frente – um estranho vírus letal, vindo da Ásia, impôs um freio à vida da população do mundo inteiro. E sua contaminação foi além do sistema respiratório, pois tirou o fôlego também da economia, da educação, da política e da segurança pública, deixando um rastro de destruição nas cidades e mudando o comportamento de homens, mulheres, crianças e instituições, revelando o melhor e o pior de todos.

Entre os exemplos do que a pandemia da COVID-19 revelou de melhor, a Revista Mátria destaca, nesta edição, a ação do MST que, apesar dos poucos recursos que detém, vem dividindo tudo o que possui com aqueles que não têm nada. São os produtos de seus projetos de agricultura familiar, como hortaliças, verduras e legumes divididos entre as populações carentes no combate à fome e à desigualdade, além da entrega de marmitas com refeições prontas, equipamentos de proteção individual, produtos de higiene e livros.

Mas como nem tudo são flores, Mátria também apresenta o pior dos seres humanos, que foi potencializado na reclusão forçada às famílias pela pandemia: a violência doméstica – uma forma de tortura física, social e psicológica que, infelizmente, ainda insiste em maltratar as mulheres dentro de suas próprias casas. Numa Síndrome de Estocolmo às avessas, em que o outrora companheiro amoroso se transforma no algoz cruel do dia a dia.

Mátria mostra ainda histórias de mulheres que foram à luta pelo seu direito de vencer preconceitos de gênero, raça e cor, num mundo onde homens se acham os donos absolutos de cargos, profissões e opiniões. Como é o caso das recém eleitas para prefeituras e câmaras municipais no país, ou da professora indígena que derrubou tabus e, além de se formar em educação, fez mestrado em Desenvolvimento Sustentável e termina o Doutorado em Antropologia.

As páginas de Mátria trazem também a reportagem de capa sobre as dificuldades encontradas pelas professoras que, de uma hora para outra, tiveram que trocar a sala de aula pelas salas de bate-papo virtuais, transformando seus conteúdos em videoaulas e suas casas em estúdios. Você também vai conhecer a luta das mães de crianças e adolescentes com deficiência, que tiveram que se reinventar para que seus filhos não perdessem o foco dos estudos, após terem sido forçados a se afastar da sala de aula durante a pandemia.

Esta edição de Mátria ainda discute uma saída para a educação na pandemia por intermédio do modelo traçado por Paulo Freire, que completaria um centenário em setembro deste ano. E também mergulha na vida e obra da escritora negra Carolina de Jesus e sua luta para sobreviver, criar e educar três filhos em meio ao lixo e às ruas, catando o papel de onde retirava o sustento e o material de trabalho de seus famosos cadernos de diário, transformados em livros, que foram lidos pelo mundo inteiro e traduzidos para diversos idiomas. A diversidade de gêneros e a comunidade LGBTQIA+ também estão presentes nas páginas de Mátria e nas páginas dos quadrinhos de duas artistas entrevistadas pela revista. Tudo isso e muito mais, você vai encontrar nesta edição que, apesar da pandemia, tira a máscara para falar, sem medo, de tudo o que acontece no universo feminino e feminista que, cada vez mais, vem conquistando o seu merecido lugar ao sol. Boa leitura! Diretoria Executiva da CNTE

>> Acesse o arquivo digital (em PDF) da revista Mátria 2021