[MG] Terceirizados da educação suspendem greve após garantia de emprego e reajuste
Publicado: 05 Dezembro, 2025 - 17h06
Escrito por: REDE-BH | Editado por: REDE-BH
Os trabalhadores em Educação terceirizados da Rede Municipal de Belo Horizonte decidiram, na manhã desta quarta-feira (03/12), suspender a greve iniciada diante da ameaça aos empregos e direitos devido à descontinuidade dos contratos da MGS nas escolas municipais. A decisão é resultado direto da força demonstrada pela categoria nas mobilizações das últimas semanas, somada ao acúmulo de organização construído desde a grande greve do início de 2025 — um marco que segue impulsionando conquistas importantes.
A assembleia que definiu a suspensão foi realizada na portaria 2 da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), logo após a Audiência Pública convocada pela Comissão de Educação para discutir o futuro dos trabalhadores terceirizados. A pressão da categoria foi decisiva: mais de mil trabalhadores lotaram cinco plenários, a galeria principal e toda a área externa da Câmara, garantindo que suas reivindicações fossem ouvidas e resultassem em avanços significativos.
Avanços conquistados pela mobilização
Durante a Audiência Pública, a Secretária Municipal de Educação reafirmou propostas já apresentadas nas negociações com o Sind-REDE/BH. Entre elas:
Garantia de emprego para todos os trabalhadores;
Reajuste salarial de 7% para porteiros. Os 7% incidem sobre o salário de dezembro que será pago em janeiro (equiparação salarial que corresponde a 9,2%).
Reajuste salarial de 7% para serventes escolares (somado a equiparação salarial que tiveram há dois anos);
Fim do desconto de 20% no ticket de alimentação para cantineiras, porteiros e serventes;
Pagamento do vale-alimentação em espécie;
Equiparação salarial das cantineiras ao cargo de auxiliar de cozinha, resultando em reajuste de 27,87%;
Redução da carga horária das cantineiras, de 44h para 40h semanais.
A diretoria do Sind-REDE/BH avalia que o reajuste de apenas 7% para os serventes escolares ainda é muito pouco, Precisamos seguir mobilizados para reduzir a jornada de trabalho e garantir um salário decente para todos os trabalhadores.
Além disso, foram feitas declarações públicas, ainda não formalizadas por escrito, sobre duas medidas:
Reajuste de 29,54% (R$ 2622,40) para auxiliares de apoio ao educando, somado ao fim do desconto de 20% no ticket (proposta feita pela secretaria de Educação Nathalia Araújo, durante a Audiência Pública);
Para Artífices e Mecanógrafos, a MGS afirmou que aplicará o mesmo reajuste dos porteiros e serventes, também com o fim do desconto no vale-alimentação.
O Sind-REDE/BH já cobrou a formalização imediata dessas propostas.
Como chegamos até aqui: histórico da luta
A crise começou em 11 de novembro, quando a MGS informou ao Sind-REDE/BH que a Prefeitura não renovaria os contratos de cantineiras, porteiros e serventes escolares, e que ainda haveria uma redução de 25% no contrato dos auxiliares de apoio ao educando. Sem informações claras por parte da PBH, o Sindicato iniciou negociações imediatas em defesa dos empregos, dos direitos e da antecipação da campanha salarial de 2026.
No dia 27 de novembro, mais de 2 mil trabalhadores realizaram uma assembleia histórica em frente à PBH, que aprovou indicativo de greve e marcou nova assembleia para 03/12. Durante três rodadas de negociação, mediadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o Sind-REDE/BH e a Prefeitura conseguiram avançar em propostas que preservassem o emprego e os direitos dos trabalhadores.
Na reunião do dia 02/12, foi fechada a proposta final, que foi reafirmada publicamente durante a Audiência na Câmara desta quarta-feira.
Mobilização continua
Mesmo com a suspensão da greve, a categoria segue mobilizada. A assembleia aprovou a realização de uma plenária de representantes em 11/12, que organizará os próximos passos da luta. Os representantes permanecerão atentos para fiscalizar o cumprimento dos acordos, garantir que as promessas verbais sejam formalizadas e para mobilizar a categoria, caso algo seja descumprido.
Uma vitória incontestável da organização coletiva
A suspensão da greve ocorre em um cenário de vitória evidente. As conquistas apresentadas são fruto direto da mobilização intensa da categoria, das assembleias massivas e do acúmulo organizativo iniciado com a grande greve de 2025. Cada trabalhador que esteve nas ruas, nos atos e na Câmara foi responsável por arrancar avanços concretos.
Mas a luta segue. Ainda é urgente conquistar:
A redução da jornada para todos os trabalhadores terceirizados;
A correção das distorções salariais ainda existentes;
E, principalmente, o fim da terceirização, com abertura de concurso público para todos os cargos, garantindo emprego a todos os trabalhadores que hoje atuam nas escolas e pondo fim a contratos precarizados que se tornam alvo constante de ameaças.
O Sind-REDE/BH seguirá ao lado da categoria, defendendo seus direitos e fortalecendo cada passo rumo a condições dignas de trabalho nas escolas da Rede Municipal. Porque é a luta organizada que move conquistas e esta semana comprovou isso mais uma vez.