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Mobilização: Água e mulheres não são mercadorias!

Publicado: 11 Março, 2018 - 13h24

Escrito por: CNTE

É com   esse   chamado   que  o  Grupo  de  Mulheres do Fórum Alternativo Mundial da Água (FAMA) lançou uma Carta à sociedade, denunciando que elas estão  entre as mais atingidas e  impactadas  pela  falta  de  acesso  à  água e esgotamento sanitário, direitos que são negados pela lógica da mercantilização e pela omissão dos poderes públicos.

A Carta foi apresentada no lançamento internacional do FAMA que ocorreu no mês de setembro de 2017 em São Paulo (SP). O Fórum será ralizado em Brasília DF), e tem como eixo principal o combate à privatização da água.

“Com a transformação da água em mercadoria, quem não puder comprar mas depende da água para seus afazeres domésticos, vai  ficar excluído do sistema. E se hoje esse trabalho no campo é feito por mulheres, elas é que serão excluídas”, destaca a militante da Marcha  Mundial das Mulheres, Nalu Faria. Ela explica que, no caso das  trabalhadoras rurais, há uma dupla dimensão que é a do trabalho doméstico somado ao fato que elas também exercem trabalho remunerado: “Quando elas fazem um roçado elas são excluídas do planejamento – elas só executam tarefas, então o trabalho delas não é reconhecido, é interpretado como uma ajuda”.

Estimular o protagonismo das mulheres e criar as condições para sua efetiva participação em todos os espaços de decisão política,  incluindo os que dizem respeito à gestão da àgua, é um dos pontos que serão defendidos pelo FAMA. “Quando as mulheres do campo não tem acesso à água elas perdem o  pouco de autonomia que conquistaram”, resume Nalu Faria.

Retrocesso

A Carta do Grupo de Mulheres do FAMA também denuncia que estamos vivendo um retrocesso democrático em que as mulheres estão entre as principais atingidas. As mulheres agricultoras familiares sofreram os efeitos do fim de seus programas específicos, como os Programas de Organização Produtiva e de Documentação da Trabalhadora. Mazé Morais, secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Contag, enumera os golpes: “Dentro do pacote de maldades deste governo ilegítimo está a extinção de orgãos responsáveis pela execução das políticas de desenvolvimento rural, como o Ministério do Desenvolvimento Agrário, que tornou-se uma tímida Secretaria Especial. Além disso temos o fim de vários programas e redução drástica do orçamento para o fortalecimento da agricultura familiar”.

Resistência das Mulheres pelo Mundo

- Jornadas de Cochabamba, 2000, luta contra a privatização pela empresa Bechtel. A revolta popular alimentou a luta contra a ALCA e também fez a Bolívia inserir na sua Constituição os direitos da água e da natureza.

- Em março de 2007, a Rede Lac lançou a Campanha Água é Vida e Direito. Participaram desta campanha grupos, Organizações Não-Governamentais (ONGs) e movimentos da Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, El Salvador, Equador, Guatemala, México, Nicarágua, Peru e Uruguai. A campanha teve por objetivo debater nas diversas organizações que compõem a Rede sobre o direito à água e dar visibilidade à questão hídrica nos diferentes países.

- África do Sul, 2008, luta contra privatização da água assegura às famílias de Soweto a ter o dobro de água na caixa.

Marcha das Margaridas

A 6ª Marcha das Margaridas terá como temas centrais a defesa da democracia e dos direitos, denunciando os desmontes, principalmente o da previdência social. As Margaridas vão marchar para dialogar com a sociedade sobre as ameaças frontais ao nosso sistema democrático, bem como sobre a urgência de enfrentarmos todas as formas de violência contra as mulheres, que têm se aprofundado no atual cenário político – sendo a votação da PEC 181 uma de suas maiores expressões.

Nesta edição, as Margaridas também vão afirmar a importância da participação política das mulheres e visibilizar as formas de luta e resistência das mulheres do campo, da floresta e das águas – que se manifestam de diversas formas, por meio das nossas práticas agroecológicas, da resistência ao latifúndio, da preservação das sementes crioulas, das nossas ações de rua e de outras tantas maneiras.

Construída desde o ano 2000, trata-se de uma mobilização estratégica das mulheres do campo para formação, articulação de parcerias, proposição e negociação de políticas públicas específicas para as mulheres do campo, da floresta e das águas.

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