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Moção de repúdio à demissão sumária do professor Willian Meister de Educação de Itapema/SC

A última semana do mês de abril, véspera das comemorações relativas a 55 anos de golpe militar no Brasil em alusão à ditadura sanguinária a que o país foi submetido de 1964 a 1985, marcou mais um triste episódio para a educação brasileira, tão atacada e vilipendiada nos dias que se seguem. Um professor do município de Itapema, litoral norte de Santa Catarina, foi sumariame...

Publicado: 14 Maio, 2019 - 14h29

Escrito por: CNTE

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A última semana do mês de abril, véspera das comemorações relativas a 55 anos de golpe militar no Brasil em alusão à ditadura sanguinária a que o país foi submetido de 1964 a 1985, marcou mais um triste episódio para a educação brasileira, tão atacada e vilipendiada nos dias que se seguem. Um professor do município de Itapema, litoral norte de Santa Catarina, foi sumariamente demitido pela secretaria municipal de educação da cidade, ato que representou o ápice de um movimento intenso de perseguição política e ideológica ao professor de educação física Willian Meister.

O professor da Escola Municipal de Educação Básica Oswaldo dos Reis decidiu fazer uma atividade inscrita e pactuada pela coordenação pedagógica da unidade, que se referia a um projeto interdisciplinar de leitura coletiva, envolvendo todas as disciplinas ofertadas pela escola. Em função do momento em que o país se encontrava, às vésperas dos 55 anos do golpe militar de 1964, o professor decidiu passar aos estudantes do 7º ao 9º ano uma poesia que fazia referência ao tenebroso período a que o Brasil foi subjugado por longos 21 anos, quando ocorreram torturas, perseguições, violações de direitos básicos e muitas mortes. Isso foi o suficiente para que o pai de um dos estudantes da turma, radialista e ex-militar do Exército brasileiro Marcelo Fidêncio, denunciasse o professor junto ao gabinete da prefeita Niza Simas. No dia anterior às comemorações relativas ao Dia do/a Trabalhador/a, o professor Meister recebeu a notícia de que o seu vínculo de emprego, que se dava por meio de um contrato temporário do município, não seria renovado. Ou seja, em decorrência de uma ação pedagógica pactuada no âmbito da própria escola com outros profissionais de educação, no exercício pleno de seu direito de liberdade de ensinar, assegurado pelo texto de nossa Constituição brasileira de 1988, o professor foi sumariamente demitido sem sequer ser ouvido pelos gestores municipais em qualquer procedimento disciplinar. A direção da escola, em vez de se posicionar na defesa do projeto pedagógico de sua unidade, se portou como mera correia de transmissão dos interesses políticos da gestão municipal.

É claro que atos dessa natureza ficam, infelizmente, cada vez mais comuns e corriqueiros nos tempos em que vivemos, forjando um caldo de perseguição política e ideológica dentro das escolas brasileiras. O próprio professor Meister, que não se acovardou e denunciou o caso ao Ministério Público, já disse que esse foi o ponto cume de toda uma história de perseguição perpetrada contra ele tanto pela secretaria de educação do município quanto pela própria direção escolar. Com farta documentação que caracteriza e indica atos incessantes de assédio moral, a perseguição fica mais evidente quando se tem em conta que o professor já foi candidato a prefeito do município pelo PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) em 2012 e 2016, enquanto tanto a prefeita quanto a secretária de educação do município de Itapema são adeptas ardorosas do atual presidente brasileiro, aquele cujo governo não cansa de atacar a educação e perseguir educadores/as.

Os/as trabalhadores/as em educação brasileiros/as repudiam de forma veemente mais esse caso de ataque à educação brasileira, agora consubstanciado na demissão sumária do professor Meister, com quem nos solidarizamos de forma enfática. Estamos todos/as atentos/as aos desdobramentos desse caso e não nos furtaremos em reverberar nacional e internacionalmente essa atitude vergonhosa de gestores públicos de um município que não honram a área que deveriam gerir. Essa espécie de gente, que não entende nada de educação, não deveria assumir funções dessa natureza e lutaremos para que nunca mais o faça.

Brasília, 14 de maio de 2019

Direção Executiva da CNTE