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Toda solidariedade à luta e à vitória do povo boliviano

Publicado: 27 Junho, 2024 - 16h16 | Última modificação: 27 Junho, 2024 - 16h28

Escrito por: redação | Editado por: redação

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A luta do povo boliviano pelo direito à sua soberania e à autodeterminação de seu destino enquanto nação não se iniciou no dia de ontem, quando uma tentativa de golpe feita pelo aquartelamento de parte de suas Forças Armadas encontrou a resistência popular e organizada de seu povo nas ruas. O primeiro país das Américas, e quiçá do mundo, a eleger como presidente de seu país um representante de seus povos originários não poderia mesmo permitir mais um golpe político contra a sua democracia. Tampouco o primeiro país a inserir em seu texto constitucional o seu caráter de país multicultural e multiétnico não tolerará as ingerências que subestimam a vontade popular expressa pelos votos de seu povo.
 
A tentativa frustrada de golpe de parte dos militares da Bolívia foi encerrada com a intensa e rápida mobilização popular que tomou conta do país. O intento dos setores militares golpistas, que chegaram a cercar a sede do governo central do país, foi feito à revelia de qualquer ordem presidencial. Rapidamente, no entanto, todo o aparato golpista foi desmobilizado diante da contundente resposta dada pelo governo, que destituiu e prendeu todo o alto comando militar do país envolvido, bem como da ação dos setores organizados da sociedade boliviana, inclusive as da Central dos Trabalhadores da Bolívia (COB) e da Confederação dos Trabalhadores da Educação Urbana da Bolívia (CTEUB), que ocuparam as ruas em protesto.
 
Especula-se que o motivo da tentativa de golpe seja a recente nacionalização do lítio no país, um mineral muito importante na indústria de tecnologia do mundo. Apesar de ser um país riquíssimo nesse metal, abrigando cerca de um quarto de todas as reservas mundiais de lítio, a Bolívia ainda padece de uma baixa capacidade de processamento dessa riqueza. Mas as parcerias recentes com os governos e empresas chinesas e russas para a extração e processamento de lítio no país abrem um horizonte de ótimas perspectivas para o seu crescimento, algo intolerável para muitos interesses globais ligados aos Estados Unidos que podem, assim, estar por trás dessa atual tentativa fracassada de golpe na Bolívia, bem como de outras tentativas recentes de desestabilização política naquele país.
 
O povo boliviano, no entanto, já sabe defender as suas riquezas naturais, e não é de hoje. A famosa Guerra da Água (de janeiro a abril de 2000) foi exitosa quando o povo nas ruas conseguiu reverter de forma inédita uma tentativa de privatização desse bem maior da natureza. Já em outubro de 2003, outra onda gigantesca de mobilização tomou conta do país, no que ficou conhecido como a Guerra do Gás, que reivindicou o abastecimento interno dessa importante riqueza do país que, até então, era produzida só para abastecer o mercado externo. Que não tentem, agora, fazer uma Guerra do Lítio.
 
Os educadores e as educadoras de todo o Brasil se somam em solidariedade à luta e à vitória do povo boliviano. O imperialismo e os golpistas não encontrarão êxito em suas tentativas de ingerência e de ambição de roubo das nossas riquezas naturais.
 
Brasília, 27 de junho de 2024
Direção Executiva da CNTE