Universidades públicas podem ficar sem luz, água e segurança com mais um corte no orçamento da educação feito por Bolsonaro
Defensores da educação acreditam que medida pode ser revertida em 2023
Publicado: 01 Dezembro, 2022 - 12h49
Escrito por: CNTE

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil
Depois de mais um ataque de Jair Bolsonaro à educação, as universidades públicas podem ficar sem luz, água e segurança ainda este ano. As contas terão que ser cortadas e algumas suspensas para manterem estes espaços até o fim do ano letivo, porque os cortes sucessivos anunciados anteriormente já haviam provocado dificuldades para as universidades honrarem os compromissos com as despesas básicas.
Quem alerta sobre esse descaso é o professor Nilton Brandão, presidente da Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (PROIFES-Federação). O mais recente corte do orçamento do Ministério da Educação (MEC) vai retirar cerca de R$ 220 milhões das universidades públicas e institutos federais de educação.
Os novos cortes no orçamento da educação foram anunciados durante o jogo do Brasil na última segunda-feira (28). Somente neste ano foram ao menos dois: um de R$ 350 milhões anunciado em junho, posteriormente reduzido para R$ 175 milhões após pressão de representantes do setor; e um de R$ 328,5 milhões, anunciado em outubro.
“Em mais um ataque covarde de Bolsonaro, que só ataca esta política tão importante para sociedade [educação] em vésperas de feriados, finais de semana ou mesmo de madrugada, e agora em plena copa do mundo, as universidades precisarão cortar contas básicas. Agora os reitores vão ter que negociar jogando contas de luz, água ou aquilo e tudo que for possível cortar, como diminuir a segurança, questão da limpeza e materiais de higiene, justo neste momento ainda que a COVID voltou a estar presente”, contou Brandão..
A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) também denuncia esse golpe. Em nota, afirma que o orçamento foi “raspado das contas das universidades federais, com todos os compromissos em pleno andamento”. Segundo a entidade, o corte inviabiliza o pagamento de despesas como luz, empregados terceirizados, serviços e bolsas.
Brandão ressaltou que Bolsonaro aposta na distração do povo para executar medidas contra a educação e reafirmou que “a reação das entidades e pessoas que defendem a educação pública contra esta medida cruel contra toda sociedade brasileira está vindo e virá”.
Ele conta que a briga de Bolsonaro com a educação é porque defende de fato a censura e tudo de pior da época da ditadura e faz esses ataques justamente para não deixar florescer o espaço da crítica e da construção, e mais do que nunca, com a formação humana integral que acontecem nas universidades e instituições federais.
“Infelizmente é um governo que ainda não reconheceu sua derrota e continua implementando o seu projeto como se ele tivesse sido eleito nas urnas. Nós ainda vamos ter que atuar em várias frentes para conseguirmos implementar nossas políticas. A universidade é o espaço do conhecimento, da ciência, da comprovação científica dos fatos e da realidade da sociedade. Queremos ser sujeitos desse processo de reconstrução da educação brasileira, que é um espaço de libertação da sociedade. Vencemos Bolsonaro e venceremos esse projeto nefasto”, destaca o presidente do Proifes.
O Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) destacou que o bloqueio pode se tornar um corte caso não seja revertido, uma vez que depois do dia 9 de dezembro é o prazo máximo para se empenhar despesas.
Defensores da educação reagem e já veem possibilidade de reverter medida em 2023
O professor Brandão contou que há várias frentes de luta contra mais este ataque de Bolsonaro à educação universitária. Além de entidades, como o Proifes, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e o Fórum Nacional Popular de Educação (FNPE), diversas outras ligadas às universidades e aos institutos federais estão conversando com parlamentares do Congresso Nacional e com a sociedade com objetivo de revogar esta medida do governo contra o MEC.
Para o professor, é importante denunciar nos sindicatos, nas escolas e na sociedade que este governo é inimigo da educação e também indicar os caminhos necessários e cobrar as equipes de transição do governo para reverter isso.
“Estamos correndo contra o tempo e fazendo uma série de contatos com parlamentares, tanto dos partidos de esquerda, e outros que defendem a educação pública, pedindo, quase que implorando, mostrando nosso descontentamento e pedindo que tomem providências”, explica Brandão. “Todos e todas estaremos sujeitos desse processo de reconstrução da educação brasileira. Estamos esperançosos com o próximo governo de Lula de mudar tudo isso e conseguir avançar na educação de qualidade e gratuita para todos e todas”, finaliza.