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[PR] Peça 'Escol(h)a Pública' convida à reflexão sobre privatização da educação

Criada no contexto do movimento Não Venda a Minha Escola, a obra utiliza o Teatro do Oprimido para questionar políticas privatistas no Paraná

Publicado: 20 Dezembro, 2024 - 14h58

Escrito por: Redação APP Sindicato

Divulgação
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A peça ‘Escol(h)a Pública’ surge como uma potente ferramenta de diálogo e mobilização em defesa da escola pública. Concebida e produzida por William Cazavechia, por meio da Ingirum – Palavra e Imagem, com o apoio do Instituto Elvira Jaroskevicz e da NS de Paranavaí, a iniciativa integra o movimento Não Venda a Minha Escola. A peça explora a questão da consulta pública realizada em dezembro deste ano para viabilizar a privatização das escolas no Paraná.

A narrativa percorre o processo de privatização, o papel da família, dos(as) alunos(as) e da comunidade escolar, com foco nas promessas apresentadas pelo governo para convencer a população a aceitar a proposta. O enredo retrata o dilema de uma escola fictícia ameaçada pela privatização, expondo conflitos, escolhas e consequências que decorrem desse cenário.

Convidamos William Cazavechia, idealizador da obra, para uma entrevista no estilo ping pong sobre a peça e seu significado. Confira:

1 – Como e por que surgiu a ideia para a peça?

William: “A ideia surgiu de uma soma de lutas contra todas as formas de opressão. As ideias são reflexos, não exatamente o lugar de origem do projeto. Diria que o projeto surgiu da necessidade de se utilizar das mais variadas formas de linguagens disponíveis ao enfrentamento à austeridade contra a educação pública da atual conjuntura no Estado do Paraná.

“Como parte desse processo, surgiu a proposta da reutilização das várias formas de arte frente ao rapto digital da comunicação no processo de mobilização social contra projetos estatais que não atendem minimamente às necessidades reais da comunidade escolar.” (acesse a Carta Aberta lançada pelos(as) professores(as))

Saiba mais em: Professores(as) lançam carta aberta à população contra a privatização das escolas

2 – Qual a importância de abordar a temática da privatização das escolas?

William: “Quando você me pergunta sobre a importância de abordar o tema da privatização das escolas, o que logo me vem em mente é a surpresa quanto a normalização corrente dessa expressão. A escola pública, como elemento essencial da política pública em educação, é alvo das iniciativas privatistas pela propagandeada redução do estado. Um fenômeno de longo espectro histórico definido pela austeridade em relação ao serviço público de atendimento às necessidades sociais das classes subalternizadas pelos diversos mecanismos de domínio das formas de vida na atualidade”.

3 – Como foi o processo de produção da peça?

William: “Logo após definirmos o início das atividades do projeto, contatei estudantes de Artes Cênicas da Universidade Estadual de Maringá (UEM) para iniciarmos os preparativos para a criação da peça. A iniciativa foi inserida no contexto do Projeto Teatro do Oprimido e Educação: a resistência à austeridade contra a escola pública, de propriedade da Ingirum – Palavra e Imagem, está em tramitação como projeto de pesquisa na UEM.

Estas(es) estudantes compuseram o elenco original da peça e são co-autoras(es) do texto da peça Escol(h)a Pública. Como parte de um projeto de formação, a criação da peça, no formato de Teatro Fórum, contou com o desenvolvimento de uma oficina de teatro do oprimido dirigida por Matteo Nanni, curinga e diretor, formado pelo Centro de Teatro do Oprimido (CTO), localizado no Rio de Janeiro. Quanto ao conteúdo para o material cênico, utilizamos dos vários materiais disponíveis criados pela APP-Sindicato com o movimento Não Venda a Minha Escola. A contribuição de Marialda Ribeiro da Silva e a de Celso José dos Santos foram indispensáveis”.

Ingirum – Palavra e Imagem Ingirum – Palavra e Imagem
 Elenco original e autores(as). Da esquerda para a direita: Ana Gabriela Sena Gonçalves, Raquel Correia, Matteo Nanni, Isabela De Ganello, Roriê Gimenes, Julie Ndinga e William Cazavechia. 2024.

4 – Por que utilizar o Teatro do Oprimido?

William: “São muitos os motivos, mas penso que este tenha sido o fator determinante da opção pelo Teatro do Oprimido, um teatro de libertação. A peça Escol(h)a Pública foi criada como uma peça de Teatro Fórum e como tal visa, a partir de uma apresentação teatral aparentemente comum, garantir a participação do público como espect-atores sujeitos da criação de um desfecho outro para a situação de crise na qual as cenas culminam. 

Com a peça Escol(h)a Pública convocamos a comunidade escolar a assumir sua posição como autoras(es) da educação pública frente à implementação da proposta empresarial privatista em andamento no Paraná e em outros estados brasileiros”.

5 – Há planos de novas apresentações da peça? Como o público pode acessar ou adaptar a obra?

William: “A peça já foi encenada em algumas oportunidades pelo elenco original e estamos em construção com outro elenco. Interessadas e interessados em apresentações ou na construção de sua própria encenação da peça, a partir do texto publicado em primeira mão aqui, podem entrar em contato com a produtora Ingirum – Palavra e Imagem ou com o Núcleo Sindical de Paranavaí-PR, para as tratativas sobre sua reprodução e os devidos direitos autorais”.

Ingirum – PalavraIngirum – Palavra
Apresentação em Paranavaí-PR. Da esquerda para a direita: Vereador eleito Professor Carlos, Matteo Nanni, Julie Ndinga, Roriê Gimenes, Ana Gabriela Sena Gonçalves, Lucas Renan (APP – Mandaguari), William Cazavechia e Celso José dos Santos. Na frente: Raquel Correia e Isabela De Ganello. 2024.